A Revolta do Gueto de Varsóvia foi um ato de resistência heroica dos judeus contra a opressão e o extermínio nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. O gueto era uma área cercada e isolada na capital polonesa, onde mais de 400 mil judeus foram confinados em condições desumanas. Entre julho e setembro de 1942, os nazistas deportaram cerca de 300 mil judeus do gueto para o campo de extermínio de Treblinka, onde foram assassinados nas câmaras de gás.
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Em janeiro de 1943, os judeus que restaram no gueto decidiram se organizar e se armar para enfrentar as novas deportações ordenadas por Heinrich Himmler, o chefe da SS. Eles formaram a Organização Judaica de Combate (ZOB), liderada por Mordechai Anielewicz, um jovem militante sionista. Eles conseguiram contrabandear algumas armas e explosivos e construir esconderijos e bunkers dentro dos prédios.
Em 19 de abril de 1943, véspera de Pessach, os nazistas entraram no gueto com tanques e metralhadoras para iniciar a "ação final" de liquidação do gueto. Eles foram recebidos por tiros e granadas dos combatentes judeus, que lutaram bravamente nas ruas e nos telhados. Os nazistas recuaram no primeiro dia, mas voltaram com mais força e violência nos dias seguintes.
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A revolta durou quase um mês, até 16 de maio de 1943, quando os nazistas explodiram a Grande Sinagoga de Varsóvia, símbolo da cultura judaica na cidade. Eles também incendiaram e demoliram quase todos os edifícios do gueto, matando ou capturando os judeus que resistiam ou se escondiam. Cerca de 13 mil judeus morreram durante a revolta, a maioria queimada ou asfixiada. Outros 50 mil foram deportados para campos de concentração ou extermínio. Apenas alguns conseguiram escapar pelos esgotos ou com a ajuda da resistência polonesa.
A Revolta do Gueto de Varsóvia foi a primeira e maior rebelião civil contra os nazistas na Europa ocupada. Ela mostrou ao mundo a coragem e a dignidade dos judeus que se recusaram a aceitar passivamente o destino imposto pelos seus algozes. Ela também inspirou outros levantes em outros guetos e campos, como o de Sobibor e o de Treblinka.
Passados exatos 80 anos da Revolta, o antissemitismo não acabou.
Ele ainda existe, cada vez mais forte em diferentes partes do mundo, manifestando-se em atos de violência, vandalismo, negacionismo ou difamação contra os judeus. Segundo uma pesquisa da Liga Antidifamação, o antissemitismo cresceu no Brasil nos anos de 2014 a 2022, registrando uma denúncia por semana nos últimos quatro anos. Além disso, houve casos de exibição de suásticas, divulgação de conteúdos neonazistas e citação de Hitler em espaços públicos e privados. O antissemitismo é considerado crime de discriminação de raça, cor, etnia e religião no Brasil, com pena de até cinco anos de prisão. Em 2021, o país aderiu à Aliança Internacional de Memória do Holocausto como país observador. Por isso, é importante lembrar e homenagear as vítimas e os heróis da Revolta do Gueto de Varsóvia, que lutaram pela sua vida e pela sua liberdade. Eles nos ensinam que devemos combater o antissemitismo e defender os direitos humanos de todos os povos.
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