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Comentário sobre Sucot

Luciano Ariel Gomes

"Porém, aos 15 dias do sétimo mês, quando recolherdes o produto da terra, celebrareis a festa do Eterno por sete dias; no primeiro, será dia de descanso solene, e, no oitavo, será dia de descanso solene. E tomareis para vós, no primeiro dia, o fruto da árvore formosa (Etróg), palmas de palmeira, ramos de murto e de salgueiro de ribeiras, e vos alegrareis diante do Eterno, vosso Deus, por sete dias. E a celebrareis como festa ao Eterno por sete dias a cada ano; isto é um estatuto perpétuo pelas vossas gerações; no sétimo mês a celebrareis. Nas cabanas habitareis por sete dias; todo natural de Israel habitará nas cabanas. Para que as vossas gerações saibam que nas cabanas fiz habitar os filhos de Israel, quando os tirei da terra do Egito, Eu sou o Eterno, vosso Deus!"


[Vaicrá (Levítico) 23:40-43]

Refeição dentro de uma Sucá. Gravura em cobre por Bernard Picart, 1724.

Bernard Picart, Public domain, via Wikimedia Commons


O texto acima é a base da festa que celebramos juntamente com este Shabat. A riqueza, tanto ritualística quanto espiritual, de Sucot é algo que nós, judeus não podemos negar. Isto é, se nos dermos a chance de participar dos diferentes serviços a que podemos ter acesso durante a Festa.


Sim, A Festa é um dos nomes de Sucot, HaChag. Lembremos que nesses dias somos ordenados a nos alegrar (v.23:40). Analisemos o que nos é proposto em Sucot e vejamos como somos convidados a reviver a experiência de nossos antepassados.


A primeira Mitzvá de Sucot, por assim dizer, é a construção de uma Sucá. Somos ordenados a habitar na Sucá durante os sete - ou oito na diáspora - de celebração (v. 23:42). Pensemos no impacto que isso potencialmente tem na mente de uma criança. Se, como adultos, já nos deleitamos quando adentramos a frágil habilitação na qual devemos fazer refeições e - se possível - dormir, imaginemos uma criança tendo a oportunidade de vivenciar isso.


Passamos para os Arba'a Minim, as quatro espécies (v.23:40), que têm simbologias baseadas em seus formatos e nos sentidos do corpo a que estão relacionadas:


  • Lulav (A folhagem da palmeira) - A espinha dorsal:

Tem gosto mas não tem cheiro e representa as pessoas que têm estudo da Torá mas não a prática da mesma.


  • Hadass (Murta-comum) - O olho:

Tem cheiro mas não tem gosto. Representa as pessoas que têm boas ações (mitzvot), porém não estudam a Torá.


  • Aravá (Salgueiro) - A boca:

Não tem gosto nem cheiro, representando as pessoas que não praticam boas ações e nem estudam a Torá.


  • Etrog (Cidra) - O coração:

tem tanto gosto quanto cheiro e representa as pessoas que estudam a Torá e a põem em prática.


Cada uma delas representa, segundo nossos sábios, um tipo de judeu. Para nossa tradição, independente da categoria na qual nos enquadramos, somos indispensáveis e é por isso que as quatro espécies são necessárias para o cumprimento da Mitzvá de sacudir o Lulav.


Cada uma das espécies remete às escolhas que fazemos na vida. No entanto, essas escolhas não podem ser pela falta de contato com a tradição. Quando isso acontece, não temos a chance de escolher uma vida judaica mais significativa em termos de prática. Podemos escolher não sermos praticantes. Não obstante, essa escolha precisa ser consciente e não consequência de negligência com a nossa tradição. Nossos filhos precisam ver (Hadass - o olho), ou seja, ler a Torá e o exemplo dos pais; provar (Aravá - a boca) ou seja, experimentar, ter a oportunidade de aprender e vivenciar a tradição judaica.


Somente com a experiência e a educação poderemos contribuir com um judaísmo que estará sempre no coração (Etrog) de todo judeu que se identificar com o privilégio de ser parte do povo de Israel. A coluna (Lulav), o pilar, deve ser cada um de nós. Lembrando que cada um tem sua característica e todos fazemos parte.


Uma das mensagens das Três Festas de Peregrinação (Shelosh Regalim), Pessach, Shavuot e Sucot, é de que a experiência nos mantém ligados ao nosso passado e nos impulsiona para o futuro. Por isso, o judaísmo é um presente sempre vivo e é a educação judaica que estabelece os exemplos e nos faz pessoas de ação e não apenas de palavras. Daí a importância da participação das crianças nas festas. Dessa forma, nos parecemos com nossos patriarcas e matriarcas, a quem convidamos (os Ushpizim) a entrar na Sucá. Sim, porque estão vivos em nós.


Shabat Shalom u'Chag Sameach!


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