Nesta sexta-feira, 14 de abril, recebemos na SIB 18 convidados, membros da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, sediada na Rua das Rosas. Este importante e agradável encontro deu sequência ao diálogo inter-religioso, teve como objetivos o fomento do respeito e a construção de uma relação mais fraternidade entre os fiéis de todas as fés e crenças, baseado nos valores comuns e nas diferenças.
A comitiva liderada pelo Diácono Hélio Gomes, representante do Monsenhor Ademar Dantas, pároco da igreja, e mais 17 membros dessa Paroquia queriam conhecer um pouco da fé e da religião judaica e foram recebidos pelo Presidente da SIB Rogério Palmeira, que lhes deu as boas-vindas. Na sequência nosso Vice-Presidente Izio Kowes fez uma apresentação falando sobre a religião judaica, primeira religião monoteísta do mundo. Izio falou um pouco sobre o histórico do judaísmo, desde os seus patriarcas e sobre a presença judaica no Brasil. Após essa apresentação que foi ilustrada com 2 vídeos mostrando a influência e costumes judaicos que permanecem até hoje na cultura nordestina, como, por exemplo, o chapéu nordestino que nada mais é que uma kipá (solidéu) estilizada e que no sertão é também chamada de kipá. Após isso foi feita uma visita à nossa Sinagoga para mostrar alguns símbolos judaicos e os livros sagrados. Esse diálogo é de fundamental importância porque ele quebra paradigmas e preconceitos, além de combater a intolerância e como já citamos aumentar o respeito mútuo. Temos na íntegra o discurso do nosso vice-presidente Izio Kowes: “Bem vindos Amigos da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, Shabath Shalom. Irmão Diácono, Hélio Gomes, aqui também representando Irmão Monsenhor Ademar Dantas, amigo Luiz Blanc, com quem iniciamos esta aproximação em nome dos quais cumprimento a todos os presentes e que todos se sintam citados e abraçados fraternalmente. Tomei a liberdade de chamá-los de irmãos porque verdadeiramente o somos. O Papa Francisco, em sua primeira visita à Sinagoga de Roma, chamou o povo judeu de irmãos mais velhos, a mesma expressão que o Papa João Paulo II usou na primeira visita Papal à mesma sinagoga, portanto vocês são nossos irmãos mais novos, assim gostaria que todos sentissem como se estivessem visitando a casa de um irmão, com valores comuns que nos unem, diferenças que nos diferenciam e o amor e a fraternidade que permeiam as relações de irmãos.
O judaísmo foi e é a primeira religião monoteísta da humanidade, ou seja, a que crê em um D’ús único, onipotente e onipresente. Ela se caracteriza por ser uma religião messiânica (acredita na vinda do Messias) e não missionária (portanto não catequizadora). Isto posto, podemos afirmar que: O JUDAÍSMO NÃO TEM POR OBJETIVO TORNAR O MUNDO NUM MUNDO MAIS JUDAICO; O OBJETIVO DO JUDAÍSMO É TORNAR O MUNDO NUM MUNDO MELHOR, MELHOR PARA TODOS (TIKUM OLAM), respeitando as diferenças e construindo uma sociedade mais justa e melhor baseado nos valores e nas diferenças. A presença judaica no Brasil já se faz notar desde as primeiras naus portuguesas, isto porque o Edito do Rei de Portugal de 1496 a 1497, expulsou os judeus de Portugal além de proibir o culto judaico em terras portuguesas, somando-se o início da Inquisição Portuguesa, que começou em 1536 e durou até 1821 (300 anos), trouxe ao Brasil um número significativo de judeus fugindo da violência e da perseguição e os fizeram ficar na clandestinidade ou ocultos durante 250 anos até o fim da discriminação contra os cristãos novos (1773) e a vinda da corte portuguesa, em janeiro de 1808, permitiram que a primeira comunidade judaica florescesse e se revelasse entre os anos de 1824 e 1826, havendo dois marcos importantes nesta história que foi a inauguração em Belém da Sinagoga, a primeira construída sob domínio Português, a ESSEL ABRAHAM (Arvoredo de Abraham) em 1824, construída por judeus marroquinos e que funciona até os dias de hoje construída, porém já em 1637 tivemos a presença de uma sinagoga no Recife, KAHAL ZUR ISRAEL (ROCHA DE ISRAEL), construída durante a ocupação holandesa, na Rua do Bom Jesus, na época chamada de Rua dos judeus, reinaugurada em 2002 após restauração, funcionando até hoje como museu e centro cultural. Com a expulsão dos holandeses do Brasil em 1643, esta comunidade judaica do Recife, fugiu para os EUA e fundaram a Nova Amsterdam, hoje a Cidade de Nova Iorque. Podemos encontrar muitos símbolos judaicos e costumes que marcam a presença judaica desde o descobrimento que fazem parte do folclore ou comportamento brasileiro e principalmente nordestino, como a origem do chapéu nordestino que nada mais é que uma kipá (solidéu) estilizada. O fato é que aqui no Brasil o povo judeu pode se fixar, criar suas famílias e trabalhar na construção deste país maravilhoso, diverso e pleno de oportunidades que, lógico, continua necessitando de justiça social, liberdade de credos e eu acredito que nas similaridades de valores e diferenças de pensamentos encontramos o caminho mais justo e correto para alicerçar esta construção do futuro do nosso Brasil. Em hebraico temos uma palavra: MITZVÁ que significa BOA AÇÃO e OBRIGAÇÃO ao mesmo tempo, vamos tatuar esta palavra em nossas mentes e nossos corações e juntos promover ações positivas e assim construir a grande nação que sonhamos."
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