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Entre a Chutzpá e a comédia: O judaísmo na série “The Marvelous Mrs. Maisel”


Amazon Studios, Public domain, via Wikimedia Commons


"The Marvelous Mrs. Maisel" é uma comédia dramática ambientada na Nova York dos anos 1950 e 1960, que conta a história de Miriam "Midge" Maisel, uma dona de casa judia que descobre seu talento para o stand-up comedy após ser abandonada pelo marido, um comediante amador sem graça. A série foi criada por Amy Sherman-Palladino, que também é responsável por "Gilmore Girls", e tem como protagonista Rachel Brosnahan, que ganhou vários prêmios por sua atuação. Além dela, o elenco conta com a impagável Alex Borstein como Susie, Michael Zegen como Joel, Marin Hinkle como Rose Weissman (mãe de Midge), Tony Shalhoub como Abe Weissman (pai de Midge), Kevin Pollak como Moishe Maisel (pai de Joel), Caroline Aaron como Shirley Maisel (mãe de Joel), Jane Lynch como Sophie Lennon (uma famosa comediante rival de Midge) e Luke Kirby como Lenny Bruce.


Midge vem de uma família tradicional judaica, que segue os rituais e costumes da religião. Ela se casa com Joel, um executivo que sonha em ser comediante, mas que não tem muita graça. Eles têm dois filhos, Ethan e Esther, e moram em um elegante apartamento em Manhattan. Tudo parece perfeito, até que Joel decide abandoná-la por outra mulher após um show fracassado no Gaslight Café, um clube de comédia. Ela, então, volta ao Gaslight bêbada e de camisola, e faz um monólogo improvisado e hilário sobre sua situação. Lá conhece Susie Myerson, a gerente do Gaslight, que reconhece seu talento e se torna sua agente.


A partir daí, começa a perseguir uma carreira no mundo do stand-up, enfrentando os desafios de ser uma mulher em um ambiente dominado por homens, de conciliar sua vida pessoal e profissional, e de lidar com as expectativas e preconceitos da sociedade e da sua família.


A série já ganhou vários prêmios, incluindo o Globo de Ouro de Melhor Série de Comédia ou Musical em 2017 e o Emmy de Melhor Série de Comédia em 2018. A quinta e última temporada estreou em abril de 2023 e terminou em maio do mesmo ano.


Mas o que há de tão judaico na série? Bem, além das referências culturais e históricas, como o Yom Kippur (o dia mais sagrado do ano para os judeus), o Holocausto (o genocídio de milhões de judeus pelos nazistas), o Estado de Israel (o lar nacional dos judeus) e a Guerra dos Seis Dias (um conflito entre Israel e seus vizinhos árabes em 1967), a série também explora temas universais sob uma perspectiva judaica, como o amor, a família, a identidade, a fé, a ética e o humor.


Sendo o judaísmo uma religião que valoriza muito o estudo, o questionamento, a argumentação e a interpretação dos textos sagrados. Essas características são essenciais para o desenvolvimento da inteligência, da criatividade, do senso crítico e, obviamente, do humor. Judeus têm uma longa tradição de usar o humor como uma forma de lidar com as adversidades da vida, de expressar sua visão de mundo e de criticar os poderosos. Não é à toa que muitos dos maiores comediantes da história são judeus ou têm origem judaica.


Midge é a síntese disso. Ela usa seu humor para superar sua separação, para se afirmar como mulher e como artista, para se conectar com o público e para denunciar as hipocrisias da sociedade. Ela também usa seu humor para falar sobre sua identidade judaica, que é uma parte importante de quem ela é, mas que não a define totalmente. Ela é uma mulher complexa, que não se encaixa em nenhum estereótipo ou padrão.


A série também mostra que o judaísmo não é uma religião monolítica ou homogênea. Há diferentes formas de ser judeu, diferentes correntes e movimentos dentro do judaísmo, diferentes graus de observância e de comprometimento com a religião. Há judeus ortodoxos, conservadores, reformistas, seculares, ateus, agnósticos, místicos, sionistas, antissionistas, assimilados, convertidos, etc. Há judeus de diferentes origens étnicas, raciais, culturais e geográficas. Há judeus de todos os gêneros e orientações sexuais. Há judeus que se orgulham de sua herança e que querem preservá-la e transmiti-la às gerações futuras. E há judeus que se afastam ou renegam sua herança por diversos motivos.


A série retrata essa diversidade com respeito e sensibilidade, sem cair em clichês ou caricaturas. Ela mostra que o judaísmo é uma religião viva, dinâmica e relevante para os tempos atuais. E que o humor é uma forma de celebrar e honrar essa religião.


Se você gosta de comédia, de história, de cultura e de judaísmo, você vai adorar "The Marvelous Mrs. Maisel". E se você não gosta ou não conhece nada disso, você também vai adorar. Porque a série é simplesmente maravilhosa. "The Marvelous Mrs. Maisel" está disponível na Amazon Prime Video e, até o momento do fechamento deste texto, este que vos escreve não recebeu nem um único centavo, direta ou indiretamente da empresa do Sr. Bezos por escrevê-lo, mas quase chorou de rir várias e várias vezes e jura que viu pelo menos um ninja cortador de cebola perto do seu olho...


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