Uma homenagem a Joseph Barouchel
De acordo com a Torá, há muitos anos chegava ao Egito um homem chamado Yosef. Ele
havia sido vendido por seus irmãos, como um escravo. O problema é que os príncipes
nunca são escravos. E aquele príncipe que chegou ao Egito, vendido como escravo, preso como criminoso, resgatado como intérprete de sonhos, tornou-se príncipe de novo, vice-Rei do Egito, Primeiro Ministro, sem nunca ter esquecido era servo do Altíssimo.
Há quase noventa anos nascia no Egito um homem chamado Yosef. Seu sobrenome, uma benção ao Altíssimo - Barouch-El. Um príncipe do Egito, mas, acima de tudo, um cidadão do mundo. Sua cultura, seu conhecimento, sua voz entoando b'rachot. E eu, o perplexo ignorante, da Cidade da Bahia, percebi-me ouvindo seus comentários, suas experiências.
Que privilégio! "Não leia ainda o Guia dos Perplexos, é muito forte." Seu conselho parecia um banho de água fria, mas por que ele mencionou o livro se não queria que eu o lesse? Aí eu soube, nem sempre o "não" quer dizer "não". Às vezes quer dizer "você está pronto?" E eu, neto de outro José, que também ensinava com provocações intelectuais, percebi-me aprendiz.
A partir daquele momento, seus gestos, sua pronúncia do hebraico, seu senso de humor - com uma risada que balançava todo o seu corpo, assim como fazia meu avô, José - e suas explicações ganharam ouvidos atentos que até hoje sentem a reverberação de um judaísmo vivo e presente. As últimas palavras que ouvi do Joseph, sobre minha família, foram:
"Tenho por vocês um sentimento de avô!" AVÔ, soa como AVÔT. E o Pirkê Avôt nos diz: "Em um lugar em que não há homens, esforça-te para que sejas um homem." (2:6)
Yosef do Egito, Joseph do Brasil. "Sem dúvida, o nosso Joseph cultivou um lindo jardim chamado Família Barouchel, e eu sempre serei grato pelo meu mestre. Um príncipe do Egito. Um príncipe entre nós. Um servo do Altíssimo."
Barouch-El! Baruch HaShem! BARUCH DAYAN HAEMET!
Luciano Ariel Gomes, e se me permitem Luciano Ariel Barouchel!
Imagem de Josh Mason-Barkin por Pixabay
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