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O Oriente Médio Ferve Com a Luta Interna Siria

David S. Moran

Na quarta-feira (27.11) começou um ataque surpresa por forças rebeldes contra o regime  do ditador Bashar al Assad. A coordenadora do ataque foi a organização sunita-jihadista  Haiat Tahrir a Sham (a Organização de Libertação do Levante), conhecida pelas iniciais  HTS. Foi o maior ataque em 4 anos e suas forças avançaram sobre o condado de Alepo e a cidade de Alepo, a segunda maior da Síria com cerca de 2 milhões de habitantes. 


O palácio do ditador Assad caiu em mãos dos jihadistas bem como o aeroporto  Internacional da cidade e havia o receio de que a indústria de armas químicas também  caísse em mãos dos rebeldes. 


Alguém pode perguntar o do porque dessa rebelião árabe interna está acontecendo.  A região do Oriente Médio é mais complicada do que se imagina. O mundo antissemita e  hipócrita pode imaginar que Israel é o problema. Se o mundo árabe e muçulmano se aliasse  a Israel, em todos os seus países viveriam melhor e com mais abundância. Veja o exemplo  dos Emirados Árabes Unidos e até da Arabia Saudita que busca aproximação. 


A complexidade do mundo árabe pode se notar nos envolvidos nesta guerra interna  na Síria. Este país de maioria sunita, é governado desde 1970 pela minoria alauíta (segmento dos xiitas). Agora, que Israel conseguiu derrotar a Hizballah no Líbano e a  Hamas na Faixa de Gaza, causando-lhes grandes perdas, os rebeldes acharam que é boa ocasião de se rebelar aproveitando esta fragilidade. O Irã grande protetor do regime do Assad também apanhou de Israel e com a perda (provisoriamente?) de suas  

proxies, os rebeldes acharam boa oportunidade de aproveitar esta fraqueza e avançar.


Em apenas 3 dias conquistaram uma enorme área que inclui centenas de aldeias e cidades, inclusive a Alepo e na quinta-feira (5) foi anunciado que também Hama, a quarta maior cidade do país. 


Quem é quem e quem é contra. O regime sírio tem o apoio do Irã, cujo interesse além da expansão de sua influência, usou a  Síria como um corredor para armar a Hizballah no  Líbano A Rússia que tem  2 bases, em Tartus e Latakia que são os únicos no Mar Mediterrâneo, tem muito interesse em manter o regime atual. É  A Força Aérea Russa junto com a da Síria que atacam os rebeldes, mas não conseguem  deter seu avanço. Os russos também diminuíram seu contingente militar na Síria devido a  guerra com a Ucrânia. Outro elemento que tem interesse ambíguo na Síria é o presidente  turco Erdogan. Este tentou aproximação com Assad contra os curdos no norte da Síria,  para derrotar a PKK. Só que o ditador sírio exigiu que as tropas turcas que invadiram a  Turquia, nas áreas controlados pelos curdos se retirem. Até agora não se retiraram e o  mundo está quieto diante a matança e a ocupação turca. Ao mesmo tempo os dois líderes  tem interesse em não permitir a fundação de um Estado Curdo que se estenda desde as áreas no Iraque, passando por Irã, Síria e Turquia. A Turquia também espera que se os  rebeldes forem derrotados, os milhões de refugiados sírios, agora vivendo na Turquia,  retornem ao seu país. 


O Comandante das Forças Armadas iranianas e o Ministro do Exterior iraniano chamaram a Rússia e o Iraque juntar se ao Irã para salvar o regime do Assad. O chefe do  Estado Maior iraniano vê conspiração americano-sionista, com o avanço dos rebeldes justo  quando Israel assinou o cessar fogo com o Líbano. Não importa o que acontece na região  ou no mundo há elementos que logo acusam os EUA e os Sionistas (i.e. Israel). 


Por outro lado, estão, os Estados Unidos da América, que ajuda a manter a  estabilidade no país, após derrotar as forças da Al Qaeda, Daesh. As forças americanas  concentram se junto as fronteiras da Síria com o Iraque e a Jordânia e não permitem que  forças iranianas conquistem os poços petrolíferos desta região. 


Israel não intervêm nesta guerra civil interna. Só age quando o Serviço de Inteligência  detecta que o Irã quer se aproveitar dos acontecimentos e enviar armas a Hizballah. Um  elemento da segurança disse que um dos conselheiros mais próximos de Assad se  encontrou na Europa com alguém pedindo ajuda militar de Israel. A resposta israelense foi de que não intervém. Ao mesmo tempo exigiu a retirada de tropas iranianas da Síria. 


Em Israel há elementos que temem a queda do Assad, que já é conhecido e em  relação a Israel é relativamente moderado. Até na guerra Espadas de Ferro não houve  nenhum ataque da Síria contra Israel. Prefeririam Assad a grupo(s) jihadistas junto a sua  fronteira. Outra fronteira que incomoda Israel é a com a Jordânia, que é a mais comprida.  Por lá agora, o Irã tenta armar organizações como a Hamas e outras nos territórios  ocupados para se levantar contra o governo israelense. 


Alguém pensou que é fácil entender o Oriente Médio ? Não é não. Mas quando árabes  se matam, e na guerra civil da Síria morreram mais de 500.000 pessoas e milhões de  refugiados dentro e fora do país, a mídia mundial não dedica tanta atenção quanto a  qualquer conflito com Israel. São duas medidas e dois pesos


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