top of page

Parashat Lech Lechá

Genesis 12:1–17:27


(Como mudar)

(Como ser um nômade)

(Como ser um peregrino)

(Como escapar de “si mesmo”)

(Como escapar do “destino”)




Imagem de StockSnap por Pixabay


Essa semana estamos lendo a terceira parashá da Torá, que está no livro de Bereshit (Gênesis 12:1–17:27).


“E falou, conversou e disse o Eterno a Abram:

Saia, se movimente, se desloque, ande, por você mesmo, para você mesmo da sua terra, do seu local, do seu espaço, do lugar aonde você nasceu, da casa dos seus pais e parentes, para um lugar aonde ainda Eu vou lhe mostrar…”


A Torá com esse texto inaugura uma nova forma de pensar para toda a humanidade. É um pensamento extremamente revolucionário, que o Eterno apresenta a um ser humano, nosso pai Abram, lá no oriente médio e assim desafia a todos os humanos com o mesmo convite:


Sejam nômades de si mesmo, sejam peregrinos de si mesmo! É o nomadismo de si mesmo.


Mas como assim, ser nômade de si mesmo?


O que o Eterno propõe para todos nós é estender o nomadismo que já existente para todas as áreas de nossa vida, inclusive para dentro nós mesmos. Com o sedentarismo, a humanidade e o ser humano passou a se acomodar com várias coisas, tornar comum e aparentemente “imutável” algumas rotinas e padrões. Passou a ser comum que as pessoas se acostumassem com as suas próprias vidas, com aquilo que são, com a condição social que carregam, inclusive com aquilo que aceitam para suas próprias vidas…


Para que mudar, você é escravo, não tem como mudar…

Para que mudar, você está destinado a ser explorado pelos deuses, não tem como mudar…

Para que mudar, você pensa assim, não tem como mudar

Para que mudar, você nasceu assim, não tem como mudar…

O mundo é assim, a natureza é assim e não tem como mudar…


O que o Eterno nos faz lembrar daquilo que esquecemos muitas vezes: da continua mudança. O mundo e a nossa realidade são feitos de mudanças constantes. Mas nos seres humanos queremos muitas vezes o que é estático, o garantido e seguro. Queremos o futuro garantido. O Eterno nos ensina que não temos o futuro garantido e o que nos aguarda é desconhecido e que pode mudar a qualquer momento.

Também esquecemos que o momento presente é o único tempo que podemos mudar, que inclusive podemos alterar as consequências do passado. As “imagens” e “ilusões” do presente nos fazem ficar parados e estáticos diante delas e passamos a negar qualquer tipo de mudança, inclusive de nós mesmos. O Eterno nos convida: Saia de si mesmo! Preste atenção para não ser sempre a mesma “pessoa” em todos os tempos e momentos! Existem várias pessoas dentro de você!

Diferente dos “deuses”, que estão fixos, parados, e almejam dominar e tornar estática as estruturas sociais e étnicas através de seus dogmas e ideologias, o Eterno é onipresente e é o Elohim da mudança, assim como é a Vida, e alterna as estruturas naturais, sociais e étnicas de qualquer povo e sociedade. As mudanças nas sociedades são sinais da ação do Eterno na humanidade.

Quem se propõe ao que o Eterno convida fazer, ou seja “sair de si mesmo”, não se subjuga as condições da natureza, não se submete as aparentes condições de seu destino, não aceita de qualquer forma as ordens impostas e entende que a mudança é a única coisa realmente constante. O Eterno por tanto é a própria mudança.


Sim, você pode mudar, você é livre, sempre há como mudar…

Sim, você pode mudar, você está destinado a ser semelhante a D-us, sempre há como mudar…

Sim, você pode mudar, existem muitos pensamentos e ideias, sempre há como mudar…

Sim, você pode mudar, você nasceu e está vivo, sempre há como mudar…

O mundo muda, a natureza muda e sempre há como mudar…


Então o Eterno lhe propõe: Lech Lechá!! Seja nômade de si mesmo, veja o mundo como se fosse um grande deserto, como o nosso pai Abram viu, que muda a qualquer momento, que pode ser brusco ou suave a depender do tempo, que pode ser quente ou frio com a mudança do dia. Assim como o deserto muda, todos nós podemos mudar, sempre. Lugar com diversas paradas, em que a “segurança” não está apenas nas paradas, está também ao caminhar. Em que o trajeto e a caminhada é tão importante quanto o destino final. Nada é realmente seguro, nada é realmente controlável, nada é realmente previsível. Lembre-se que o Eterno também está na “insegurança”, no “imprevisível”, no “desconhecido” e na mudança. O Eterno é a própria mudança, o Eterno é “peregrino”, o Eterno é “nômade”!



“Peço desculpas a todos vocês de antemão por quaisquer erros que tenham cometido. Fiquem a vontade para fazerem recomendações e correções ao texto”


Amém!


Referências:

  • Chumash Torá - Rabbi Meir Matzliah Melamed ZT”L (Editora Sefer)

  • Chumash Torá - Rabbi Aryeh Kaplan (Editora Maayanot)

  • Comentários do Rabbi Jonathan Sacks ZT”L em português(Site da Sinagoga Edmond Safra)

  • Rabino Nilton Bonder - Chatzot HaShavua - Lech Lechá: https://youtu.be/1bW_GZe7pmA

17 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page