Em Leilui Nishmat das vítimas da Inquisição, vítimas da Shoá, das vítimas do terrorismo em Israel e dos soldados caídos de Israel (Yom Hazikaron) e qualquer tipo de violência que exista no mundo
Em Leilui Nishmat das vítimas de qualquer doença que exista no mundo. Que o Eterno e o Olam Habá traga a redenção e cura completa para todo o mundo!
Essa semana temos duas Parashiot:
Parashá Tazria (Como gerar Vida, como promover vida e vitalidade, como promover saúde)
Vayikrá (Levítico 12:1-13:59)
Parashá Metzorá (Como se afastar da Morte, como não perder vitalidade, como evitar doença)
Vayikrá (Levítico 14:1–15:33)
OBS: INCIALMENTE, POR FAVOR, ESTA PARASHÁ NÃO FALA SOBRE LEPRA, NEM NO PURO E NEM NO IMPURO! FALA SOBRE DOENÇA! (de forma geral)!
Vayikrá (Levítico 13:1 - 2)
“D-us falou a Moshe e Aharon, dizendo: Se uma pessoa tem “Seet”, ou uma “Sapachat” ou uma “Baheret” na pele do seu corpo, e pode ser uma lesão de Tsaarat, ela será trazida à Aharon, O Sacerdote ou a um de seus descendentes, que são dos sacerdotes…”
Quando é que uma doença (Tsaarat) aparece no corpo? Quando é que o ser humano fica doente (Metsorá)? No momento em que a desordem “entra” e se estabelece no corpo…
Vayikrá (Levítico 13:3)
“O sacerdote examinará a lesão na pele, se houver alteração da estrutura e a lesão parece como se tivesse penetrado na pele, então é uma lesão de “Tsaarat”. Logo o sacerdote terminar a avaliação, irá declarar Tamê…”
A Torá usa de termos que muitas vezes, nós nos tempos modernos não entendemos:
“Seet”, “Sapachat” e “Baheret” … termos técnicos de um passado que não alcançamos:
“Tsaarat”, “Tahor”, “Tamê”
A Torá classifica dois estágios que estão em constante alternância, dois estágios que
mostram mais ou menos vitalidade de quem vive. Tamê com menos vitalidade e Tahor com mais vitalidade. Tamê, a desordem e Tahor, a ordem. A doença (Tsaarat) seria então um caminho em que um ser humano aos poucos perde vitalidade e se estabelece uma
proporção cada vez maior de desordem. O ser humano cada vez mais caminha em direção a graus maiores de Tamê.
Até é possível dizer que Tamê e Tahor é uma relação entre o puro e o impuro, mas isso
seria incompleto, porque mais do que uma relação desse tipo, há o conceito de ordem X
desordem, vitalidade X “desvitalidade”. Em todos esses conceitos quando há mais
impureza, sujeira, desordem, falta de vitalidade, mais a chance da doença (Tsaarat) se
instalar. Esse princípio atualmente se chama de processo saúde-doença, que é bem
descrito pelo já consagrado modelo de Leavell e Clark de 1796 que contém as diversas
prevenções:
Os sinais (“Seet”, “Sapachat” e “Baheret”… ) do caminho em direção a doença (Tsaarat) podem ser bem sutis ou nítidos como o texto da Torá descrevem e muitas vezes apenas o “especialista”, o sacerdote, aqueles que desenvolveram a arte da avaliação, podem notar com mais antecedência o estabelecimento de uma doença (Tsaarat).
A Torá, milênios antes da nossa atualidade, já mostra os princípios médicos básicos de semiologia por detrás dos fenômenos que antes eram encarados por outras culturas como mágicos e apenas espirituais. Os sacerdotes, que também carregavam uma função espiritual, avaliava a pessoa apenas o físico, de forma cética, os sinais de doença de uma pessoa e declarava se ela estava doente ou não. Não há uso de elementos mágicos para definição e diagnóstico da doença, apenas a constatação de sinais e sintomas.
Após a definição, diagnóstico e declaração da doença (Tsaarat), o sacerdote…
Vayikrá (Levítico 13:4)
“Então, o sacerdote “encerrará”, “separará”, “cercará”, “cuidará” da pessoa afetada por sete dias. O sacerdote a examinará no sétimo dia. Se a lesão permaneceu como estava antes, perante os seus olhos “, o sacerdote “cercará”, “cuidará” por sete dias adicionais. O sacerdote a examinará novamente no sétimo dia…”
As “traduções/comentários” equivocadas dessa parte da Torá para o português gerou inúmeros equívocos e vários traumas graves na história da humanidade. Muitas coisas ruins foram criadas na história da civilização ocidental, em nome de uma das mais terríveis “traduções e comentários” como os insalubres leprosários e manicômios que serviam apenas como depósito de pessoas.
A palavra e raiz verbal que a Torá usa para “encerrar” é Sagir, que está mais para ideia cercar para cuidar, da mesma forma quando um animal apresentava sinais de doença, o fazendeiro separava desse animal para cuidar dele melhor. Quando mais o sacerdote ou o profissional de saúde deve cercar e cuidar do ser humano!
Vayikrá (Levítico 13:6)
“…Ela (a pessoa doente) deve mergulhar suas roupas e ela deve mergulhar (se banhar) em água, sairá (da condição de doença) e ganhará vitalidade (Tahor)…”
A Torá, não fala apenas do papel do Sacerdote/Profissional de Saúde, mas ressalta também o papel principal do doente em ganhar vitalidade. O paciente deve se limpar e limpar suas roupas e pertences… O autocuidado é papel fundamental evidenciado pela Torá e exigido pelo Eterno através das Mitzvot (mandamentos), como a Torá mesmo diz…
“Andem sempre pelo caminho que o Eterno, o seu D-us, ordenou a vocês, para que tenham vida, tudo vá bem com vocês….” Devarim (Deuteronômio) 5:33
“Desse modo vocês, seus filhos e seus netos entenderão a grandeza do Eterno, o seu D-us, e seguirão a todos as Suas leis e mandamentos, que eu lhes ordeno, todos os dias da sua vida, para que tenham vida longa…” Devarim (Deuteronômio) 6:2
Para cada momento para cada estado (Tamê/Tahor), existem Mitzvot (mandamentos) que nos fazem ter vitalidade, nos aproximam da Vida e nos afastam da Morte. Mas ainda existem condições que parecem ser incuráveis… O que o/a paciente e o sacerdote devem fazer para algo que aparentemente não tem cura?
No futuro, à medida que o tempo passar, também teremos mais “Mitzvot” que cada vez mais irão curar nossas doenças (Tsaarat). E lá estará a Torá para nos aconselhar com o que nos pode aproximar da Vida e o que nos afastar da Morte, até que o conhecimento da Torá no mundo seja mais vasto que a imensidão do mar e venha o Mundo Vindouro (Olam Habá) e traga cura para todo o mundo...
“Peço desculpas a todos vocês de antemão por quaisquer erros que tenham cometido. Fiquem a vontade para fazerem recomendações e correções ao texto”
Amém!
Referências:
Chumash Torá - Rabbi Meir Matzliah Melamed ZT”L (Editora Sefer)
Chumash Torá - Rabbi Aryeh Kaplan Z”TL(Editora Maayanot)
Comentários do Rabbi Jonathan Sacks ZT”L em português(Site da Sinagoga Edmond Safra)
Veshinantam Ano 5, N 238- Parashat Tazria- Metzorá
Rabino Nilton Bonder - Parashat Tazria https://youtu.be/rqivLizq-bA
Rabino Nilton Bonder - Parashat Metzora https://youtu.be/C34jOiy5OIg
Deborah Colker - CURA https://youtu.be/ln1UfnqnIuA
Modelo de Leavell e Clark (1976): https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2476413/mod_resource/content/2/LEAVELL%20%20CLARK.pdf
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