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Reflexões em Tempos de Guerra

Sérgio Brachmans

Como o inverno se aproxima e às 5:30 horas eu saio de casa, ainda está escuro. Chuva muito forte o dia inteiro. O frio chegando. Às 6:00 horas em ponto começo a trabalhar e pouco depois escuto o barulho dos bombardeios. A cadeia de montanhas da divisa com o Líbano está encoberta pela neblina. Os ouvidos, se acostumando com os sons da guerra, me dizem que é o exército atingindo lançadores de mísseis ou algo parecido. Continuo a trabalhar normalmente. O alarme toca. Corro para o bunker. O barulho é muito alto. Algo é atingido na rede de energia e falta luz. A chuva é intercalada pelas explosões. 12:30 horas. Tenho 30 minutos pra almoçar, mas almoço em 8 pra sentar no sofá e fechar os olhos. Pego no sono enquanto minha amiga está no mesmo sofá se comunicando pelo whatsapp. De repente ela me acorda, assustada. Eu ainda sem entender nada, ela me diz: corre que o alarme está tocando. O bunker é bem perto. Depois de 10 minutos voltamos a trabalhar. Penso em sair às 16:00 horas, mas a chuva está muito forte. Imagino que às 18:00 horas pode estar mais fraca. Às 17:30 horas começo a ouvir novos bombardeios. Sei que são do exército. Mas o meu cérebro me trás de volta tudo o que tinha acontecido pela manhã. Começou pelo exército bombardeando... Um certo pânico começa a tomar conta de meus pensamentos. Só quero chegar em casa. Entro no carro ainda assustado. No rádio toca uma música do tipo Lorena Mckennitt progressivo. A música, que em tempo de paz seria um bálsamo para a alma, toma o contexto de um dia sinistro. Mas estou dançando conforme a música. Chego finalmente em casa de volta à solidão, que agora já não é mais solidão e sim o prazer de estar só (não por muito tempo). Lembro de um culto ecumênico que fizemos na SIB. O lider religioso muçulmano da Bahia diz com todas as letras que o islamismo é uma religião de paz e que o extremismo é uma deturpação do Alcorão, de uma minoria. O primeiro amigo que fiz no trabalho foi um ser humano de coração inenso. Ainda com meu hebraico capenga ele tenta me proteger e se preocupa comigo. Muçulmano. Uma das melhores amigas de minha filha é muçulmana. Penso o por quê de existirem religiões, quando sabemos que Deus é único. Compreendo a importância, mas percebo que em muitos casos elas mais separam do que agregam. A cidade onde trabalho foi evacuada. Poucas fábricas continuam funcionando por serem consideradas essenciais. Ela não pode parar, embora apenas 20% dos funcionários continuem trabalhando. Seja pela convocação dos reservistas ou pelo medo. Sinto que nesse momento tem coisas muito mais importantes do que o salário que irei receber no final do mês. É um sentimento de patriotismo. Nesse momento deixam de existir questões políticas ou partidárias. Meus olhos se encheram de lagrimas quando alguns dias depois do ataque desumano e nefasto do Hamas o país inteiro às 8:00 horas da noite acendeu as luzes das casas, abriu as janelas e cantou o Hatikvah (esperança). A IDF nos protege de verdade. A população se mobiliza para preparar alimentos, recolher gêneros de primeira necessidade, roupas, lençóis. Tiram fotos com os soldados, levam lanches. Compreendo que também estou fazendo a minha parte trabalhando bastante na fábrica. O meu empenho pode salvar vidas dentro do país que escolhi para viver. עם ישראל חי!


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Fundada no dia 17 de abril de 1947, a Sociedade Israelita da Bahia – ou simplesmente SIB - é uma associação civil brasileira, beneficente e filantrópica que procura promover culto, ciência, cultura, educação, esportes, recreação e beneficência, sob a égide da religião judaica.
A SIB também está pronta para representar e proteger os membros da comunidade judaica local como tais quando necessário.

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