O sonho sionista da recriação de um Lar judaico nos remete ao primeiro século de nossa era, quando o Império Romano destrói o Segundo Templo Sagrado de Jerusalém liderados pelo General Tito no ano 70 DC, pelo calendário judaico no dia nove de AV, nesta mesma data, 656 anos antes o Primeiro Templo foi destruído pelo Imperador Nabucodonosor da Babilônia. Por este motivo, o dia nove de AV é um dia de jejum e é considerado o dia mais triste do calendário judaico até os dias de hoje.
Os judeus, após a destruição do Segundo Templo, se espalharam pelo mundo, e este movimento ficou conhecido como a diáspora judaica, em nossas orações, durante praticamente 2000 anos pedíamos e sonhávamos com uma pátria localizada na terra dos nossos ancestrais, um lar nacional judaico.
O marco do Movimento Sionista Moderno foi quando o jornalista judeu Theodor Herzl publicou o livro “O Estado judeu”, em 1896. Seu trabalho surge como catalizador para o desenvolvimento do sionismo organizado e adquire um caráter político e ideológico que defende o direito da autodeterminação do povo Judeu e a criação de um Estado judeu na Terra de Israel como uma solução ao antissemitismo crescente na Europa do final do século 18.
Theodor Herzl criador do sionismo
O primeiro Congresso Sionista Mundial foi convocado em 1897, em Basileia, Suíça, com Herzl desempenhando um papel central na sua organização. Este evento representou um momento significativo na história do sionismo, pois reuniu judeus de diferentes países em torno da ideia de um Estado judeu na região da Palestina.
Pensadores sionistas notáveis, como Theodor Herzl, Chaim Weizmann, David Ben-Gurion e Ze'ev Jabotinsky, desempenharam papéis essenciais na formação do movimento e na realização do Estado de Israel, cada um com suas contribuições únicas.
Ao longo do tempo, o sionismo passou por diversas divisões ideológicas e políticas, levando a diferentes correntes dentro do movimento. As principais divisões do sionismo incluem:
Sionismo político: Essa corrente buscava a criação de um Estado judeu por meio de negociações políticas e diplomacia. A corrente política incluiu figuras como Herzl e David Ben-Gurion, que desempenharam papéis fundamentais na criação de Israel.
Sionismo religioso: Os sionistas religiosos acreditam que a criação de Israel é um cumprimento de profecias bíblicas e veem o estabelecimento do Estado como parte da vontade divina. Eles estão profundamente ligados à observância religiosa e à manutenção de lugares sagrados judaicos na Terra de Israel.
Sionismo socialista: O sionismo socialista enfatiza a importância da justiça social e da igualdade em um Estado judeu. David Ben-Gurion também desempenhou um papel central nessa corrente, que influenciou significativamente a construção da sociedade israelense.
Sionismo revisionista: Essa corrente, liderada por Ze'ev Jabotinsky, defendia uma abordagem mais agressiva na obtenção de um Estado judeu, incluindo o uso da força. Essa corrente é muitas vezes associada ao pensamento nacionalista e militarista.
Sionismo cultural: Focado na preservação da cultura e língua judaicas, o sionismo cultural enfatiza a importância da identidade judaica, mesmo fora de Israel. Essa corrente busca manter as raízes culturais judaicas vivas em todo o mundo.
Enquanto o Movimento sionista crescia, o mundo experimentava o período pós primeira guerra mundial quando houve o desmembramento do Império Otomano e a região denominada Palestina foi dividida pelo Acordo de Sykes-Picot, de 1916, entre Inglaterra e França, sendo criado um condomínio para a Administração do Território onde antes era a Síria Otomana.
Vale a pena destacar outro importante marco histórico representado pela Declaração de Balfour de 1917, na qual havia a promessa do apoio britânico a criação de um "lar nacional" judaico na Palestina.
A Liga da Nações, em junho 1922, reconheceu a legitimidade do Mandato Britânico na Palestina e esta região permaneceu sob domínio britânico até 1948.
Ao termino da Segunda Grande Guerra o mundo perplexo toma consciência dos horrores cometidos pelo regime nazista e da chamada Solução Final, nome dado ao extermino sistemático de mais de 6 milhões de Judeus entre estes 1 milhão e meios de crianças, além de Negros, Ciganos, homossexuais e deficientes.
O trabalho político de décadas, as aquisições de terras e as campanhas migratórias promovidas pelos defensores do sionismo, somados aos horrores da Shoah criaram um terreno favorável na recém criada Organização da Nações Unidas a ONU, que em Sessão Plenária Presidida pelo Osvaldo Aranha, aprova a resolução 181, em 29 de novembro de 1947, que define a partilha da Palestina em duas partes, para a criação de dois estados um Judeu e outro Árabe, dividida da seguinte forma 53% do território seriam atribuídos aos 700 mil judeus, e 47% aos 1 milhão e 400 mil de árabes, desses 900 mil imigrados durante o início do século XX e 500 mil que já viviam no local criando assim a trans Jordânia (anexando o território da Cisjordânia a Jordânia e a faixa de Gaza ao Egito), sendo que as cidades de Jerusalém e Belém seriam consideradas território internacional.
Os Judeus aceitaram a Resolução e em 14 de maio de 1948, Israel proclamou sua independência. Porém os árabes não aceitaram e menos de 24 horas depois, os exércitos do Egito, Jordânia, Síria, Líbano e Iraque invadiram o país, forçando Israel a defender a soberania de sua pátria ancestral, que acabara de reconquistar.
A Guerra teve seu início no dia seguinte declaração da Fundação do Estado de Israel, declarada pelos países árabes, que não aceitaram a Resolução 181 e exércitos de cinco países árabes combinados declararam guerra e atacaram Israel por três frentes diferentes. Os exércitos do Egito, Síria, Iraque, Jordânia, Líbano e Arábia Saudita, estavam então convergindo para uma minúscula faixa de território que agora era o recém criado Estado de Israel com a intensão de risca-lo do mapa, porém milagrosamente Israel venceu esta Guerra e redesenhou o seu Mapa.
A guerra da Independência começou em 15 de maio de1948 e terminou após vários acordos de cessar-fogo, entre Israel e os países árabes, firmados entre fevereiro e junho de 1949.
Assim começa a história de Israel contemporânea, um Estado judaico, moderno, única democracia da região, progressista, atualmente com 9 milhões de habitantes sendo 75% de judeus, 20% de árabes e 5% de cristãos que vivem livremente e com os mesmos direitos, em um território de 22.000 km2.
No próximo artigo faremos uma viagem histórica pelas guerras que Israel enfrentou porém nunca começou: a Guerra da independência em 1948, Guerra do Suez 1956, Guerra dos seis dias 1967 e a Guerra de Yom Kipur 1973, nos encontramos no próximo artigo, até lá.
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