DISCURSO DE MAURO BRACHMANS, DIRETOR DA SINAGOGA DA SIB NO ENCONTRO INTER-RELIGIOSO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA BAHIA QUE ACONTECEU NESTA QUARTA-FEIRA, 13 DE DEZEMBRO
Senhoras e senhores,
Saúdo a iniciativa dos idealizadores desse belo evento em nos reunir nesse salão para ouvirmos juntos as palavras de representantes de diversas crenças, oportunidade de abrir corações e mentes ao exercício da arte de coexistir.
Cada religião reflete, tal qual um espelho partido, fragmentos da verdade universal. Mas todas nos conduzem ao que está acima de nós.
O judaísmo não é uma religião. É um povo, que tem uma religião. Um povo que, após 400 anos de escravidão, conheceu a liberdade física ao deixar para trás o Egito; e a liberdade espiritual ao receber a Torá no deserto; que conquistou a Terra Prometida e lá viveu por mais de 3.000 anos, liderado por reis como Saul, David e Salomão; que, apesar de sua presença ininterrupta naquele solo desde então, foi vencido e majoritariamente disperso por 2.000 anos, até seu sonhado regresso à pátria ancestral há 75 anos. E uma religião que não nos toma por santos, mas que, do contrário, ensina homens falíveis a conduzir suas existências com respeito e ética; que valoriza a vida acima de tudo; que nos insta a cuidar dos mais fracos, representados pela viúva, pelo pobre e pelo peregrino; e a sermos íntegros nos negócios e na vida privada, na relação com Deus e com o próximo. Um compêndio de valores que influenciou constituições democráticas ao redor de todo o mundo. Por tudo isso, a religião e o povo judeu, em sua imensa diversidade, são indissolúveis.
Em nossas orações a palavra mais recitada é SHALOM – PAZ. É o maior de nossos desejos, desde sempre. Desejo compartilhado, não tenho dúvida, por todos. Mas a paz não é uma abstração. É um processo contínuo de busca por diálogo, entendimento e pela genuína intenção de conviver harmoniosamente com o outro; de aparar arestas e erguer pontes.
Lamentavelmente, porém, nuvens sombrias surgiram no horizonte em uma recente manhã de Shabat – o sábado sagrado judaico – trazendo horrores indizíveis e nos conduzindo a uma guerra indesejada contra a barbárie, em defesa do nosso direito de existir em paz.
Estamos em pleno Chanuká – a festa das luzes, que remonta a um grande milagre em nossa história. Que Deus nos ilumine a todos, para que esses tristes dias passem rapidamente. E que a humanidade em breve conheça um novo patamar de evolução coletiva.
Um conceito judaico da maior relevância é o TIKUM OLAM, literalmente, o melhoramento do mundo. É para isso que estamos aqui. Mas como melhorar o mundo se antes não melhorarmos a nós mesmos? Hilel, um grande sábio cabalístico, disse: “Se não formos por nós, quem o será? Mas se formos apenas por nós, o que somos? E se não agora, quando?”
OSSE SHALOM BIMROMAV HU IASSÉ SHALOM ALEINU VEAL COL ISRAEL VE COL OLAM VEIMRÚ AMÉN! (Aquele que firma a paz nas alturas, com Sua misericórdia, conceda a paz sobre nós, sobre todo o Israel e sobre todo o mundo, e digamos amén!)
Muito obrigado!
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