Shalom! Salam! Paz!!
O recente conflito no Oriente Médio, desencadeado após um vil atentado terrorista contra civis inocentes israelenses, mostra quão urgente é a necessidade de substituirmos ódio e antagonismo pela linguagem do diálogo e da aceitação das diferenças. Neste momento o antissemitismo, o mais antigo de todas as formas de racismo vistas, se revela nas suas diversas máscaras. Na atualidade ele se transforma e se multiplica a despeito da experiência da Shoá. Foi num 09 de novembro de 1938, na Alemanha Nazista, quando o que parecia ser uma revolta popular, com ataques e saques a sinagogas, lojas e lares judaicos, tinha um alvo específico: os judeus. Pelas cidades da Alemanha, a cena aterrorizante se repetia, vidros estraçalhados, edifícios incendiados e ataques violentos contra diversas famílias judaicas marcaram a “Noite dos Cristais” ou “Noite dos Vidros Quebrados”, como ficou conhecida na história. “Um povo que não conhece a sua história está condenado a repeti-la.” A frase do filósofo irlandês Edmund Burke data do século XIX, mas permanece atual.
O nosso compromisso hoje é manter acesa a nossa história. Pois mesmo conhecendo-a, temos visto ela se repetir. Não nos restam dúvidas a respeito da culpa dos mandantes e dos executores dos crimes praticados pela Alemanha durante a Guerra e contra sua própria população, como os judeus e os contrários ao regime hitlerista. Entretanto o povo alemão vem examinando desde então a sua responsabilidade. E o compromisso com a responsabilidade tornou a Alemanha, é um dos mais países que mais se dedica ao combate a toda forma de intolerância e racismo , afirmando seu compromisso com a proteção do povo judeu e do Estado de Israel. Em 04 de outubro de 203, o vice-chanceler da Alemanha, Robert Habeck, ponderou sobre a relação especial do país com Israel:” A fundação de Israel após o holocausto, foi uma promessa de proteção aos judeus e a Alemanha, é obrigada a garantir que esta promessa possa ser cumprida. Esta é uma base histórica desta república”. Sabemos da amizade atual e da contribuição histórica dos judeus na história alemã,
Mas infelizmente muitas nações e indivíduos não têm mantido o espírito de responsabilidade da Alemanha e mantém os estereótipos racistas que vem desde a antiguidade, passando pela idade média e moderna até chegar aos tempos contemporâneos, muitas vezes chamados de pós-modernos.
Nosso povo sobreviveu a múltiplas tentativas de destruição ao longo dos séculos, mas foi capaz de construir um Estado Democrático, o único no Oriente Médio, em que pessoas de todas as etnias, orientação religiosa ou de gênero, têm lugar na sociedade proteção legal. Mas a manutenção da memória e a permanente vigilância, associadas a medidas de educação, continuam sendo nossos aliados.
Dentro dos padrões da nossa história e cultura, respondemos sempre com a racionalidade do diálogo e da conciliação, mesmo quando foi preciso nos defendermos, como mostrou a revolta do Gueto de Varsóvia. Em memória das chagas impostas sobre nós inicialmente e depois em outros povos, como os ciganos, os negros, nas pessoas homossexuais e deficientes físicos e mentais, nos reunimos hoje pois valores democráticos que nos unem o amor à sabedoria e à paz formam vínculos inquebrantáveis vem sendo ameaçados mais uma vez por novos tipos de fascismo.
Um desses novos fascismo, após anos perpetrando ataques ao estado de Israel e atentados contra judeus em qualquer parte do mundo, no dia 07 de outubro de 2023, de modo planejado e vil, atacaram, estupraram, decapitaram, queimaram e estiparam cerca de 1400 judeus, deixando feridos física cerda de 2600 pessoas no Estado de Israel e ferindo emocionalmente milhões de pessoas em Israel e ao redor do mundo. Os perpetradores deste terrível crime se autodenomina “ Movimento de Resistência Islâmica”. Entretanto este grupo, cuja sigla em árabe é Hamas, após manter o povo Palestino residente em Gaza, sob condições degradantes, estimulando o ódio, pregando a destruição do Estado de Israel, perseguindo homossexuais, opositores políticos, mantendo sob uma diadura teocrática que oprime as mulheres e envenena com ódio e fanatismo a mente e coração das crianças e dos jovens desde 2007.
O crime da omissão, condenado pelo eminente filósofo alemão Karl Jaspers, mais uma vez se repete. A ação de defesa do estado de Israel, vem sendo distorcida e condenada de modo rápido onde as informações fornecidas por um grupo terrorista, tem mais valor que aquelas produzidas por uma sociedade democrática e plural. A responsabilidade é uma virtude cada vez mais rara nessa guerra de narrativas. Porém, mais uma vez, nos sentimos ultrajados, não apenas como judeus, mas como seres humanos, quando descobrimos evidências de que jornalistas de 02 das principais agências de notícias, AP e Reuters, estavam o tempo inteiro desde o começo da operação terrorista do Hamas, em 07 de outubro passado.
A sociedade global atinge níveis de polarização, buscam-se bodes expiatórios. A história nos ensina, que os judeus são os primeiros, seguindo-se depois outros grupos. Em 2017, nos conflitos em Charlottesville nos EUA, grupos de racistas e fascistas do KKK, gritavam “ Os judeus não nos substituirão”. Mas também gritavam contra negros e latinos.
Em São Paulo e em outras cidades pelo mundo, na última semana, faixas carregavam símbolos da suástica estilizada como a Estrela de David. Prédios são marcados com o símbolo judaico como na segunda-guerra. Atacam-se sinagogas por todo o mundo. Ontem a PF do Brasil prendeu 02 terroristas ligados ao Grupo Hezbollah. O mesmo grupo que com financiamento do Irã, patrocinou 02 atentados na Argentina nos anos 1990, contra entidades judaicas. Logo a ideologia extremistas desses grupos, alimentarão não apenas o medo e o antissemitismo, mas também a islamofobia.
Como no filme de Ingmar Bergman há 45 anos atrás sugeriu que o ovo da Serpente estava se chocando, o racismo e o extremismo vem explodindo em toda parte.
A historiadora e especialista em Holocausto e antissemitismo, Débora LIpstadt advertiu, não existe luta anti-racista sem combate também ao antissemitismo.
Martin Luther King, em 1967 declarou “a paz para Israel significa segurança, e devemos nos erguer com todo o nosso poder para proteger o seu direito de existir e a sua integridade territorial. Vejo Israel como um dos grandes postos avançados da democracia no mundo, e um exemplo maravilhoso do que pode ser feito, de como um deserto pode ser transformado num oásis de irmandade e democracia.”
Como Médico, filósofo político, teórico do colonialismo e militante da independência africana,Frantz Fanon escreveu em Pele Negra, Máscaras Branca, lembrando um professor na Martinica que o advertiu : "Quando ouvir falar mal dos judeus, fique atento, estão falando de você. De lá pra cá, entendi que ele basicamente queria dizer: um antissemita é necessariamente um negrofóbico".
Muito Obrigado e Shalom!!
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