
Como uma forma de homenagearmos, lembrarmos e darmos voz a todas as vítimas do Holocausto, no dia 28 de janeiro, fomos a casa da Sra. Chaj Nacha Lassmann, provavelmente a única testemunha viva dos horrores vividos em Auschwitz, que completará 100 anos no próximo dia 22 de fevereiro.
Fomos gentilmente recebidos pelo seu filho Maurício Lassmann, a quem agradecemos em nome da SIB. Este dia não foi escolhido por acaso, mas por que no dia anterior, 27 de janeiro, foi comemorado o Dia Internacional da Memória do Holocausto, eleito pela ONU por ser a data em que o Campo de Auschwitz foi libertado, descortinando para o mundo os horrores cometidos pelo regime nazista na Segunda Grande Guerra.
O regime nazista, durante a guerra, assassinou, de forma industrial, seis milhões de Judeus pelo simples fato de serem Judeus, nas câmaras de gás entre estes 1.5 milhões de crianças.
O Campo de Auschwitz, era composto por três campos principais, o Auschwitz I (Stammlager), onde os prisioneiros eram registrados e mantidos; o Auschwitz II-Birkenau (Konzentrationslager), onde a maioria das vítimas foram mortas e Auschwitz III- Monowitz (Arbeitslager) onde os prisioneiros eram submetidos a trabalhos forçados em fábricas e industrias, além destes haviam mais de 40 sub-campos menores, em torno de Auschwitz, onde os prisioneiros trabalhavam em fábricas, minas e outros locais, muitas vezes até a morte.
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Fomos recebidos por Mauricio Lassmann filho de Chaja, que gentilmente nos recebeu e nos contou a impressionante história de sua Mãe e seu Pai que também sobreviveu a Auschwitz
Chaja Nacha Lassmann nasceu em 1925, na cidade de Lóds na Polónia, onde viveu até seus 13 anos com seus pais e irmãos. Com esta idade conheceu o grande amor da sua vida, com o qual, como por um milagre, reencontrou-se no pós guerra e casou-se, construindo com muito amor uma linda família, na cidade de São Paulo.
No início da guerra, a família foi separada pelos nazistas, quando em 1938, ela e sua mãe foram capturadas e levadas ao Campo de Auschwitz. Lá, foram selecionadas para trabalhar costurando uniformes, porém era lá que Dr. Mengele fazia sua experiências e assim Chaja tornou-se uma das “Meninas de Mengele” servindo de cobaia para seus experimentos.
Josef Mengele, cognominado Anjo da Morte, foi um oficial alemão da Schutzstaffel (SS) e médico em Auschwitz. Notório membro da equipe de médicos responsáveis pela seleção das vítimas a serem mortas nas câmaras de gás, lá viu a oportunidade de realizar pesquisas genéticas em seres humanos que focavam principalmente em gêmeos. Não tinham nenhum respeito pela saúde ou segurança das vítimas. Os que chegavam e eram considerados aptos a trabalhar eram admitidos no campo e os que eram considerados incapazes de trabalhar eram imediatamente mortos nas câmaras de gás. Mengele deixou Auschwitz em 17 de janeiro de 1945, pouco antes da chegada das tropas liberadoras do Exército Vermelho da União Soviética.
No pós guerra fugiu para a América do Sul e nunca pagou pelos seus crimes cometidos, morreu no Brasil, em 1979.
Chana nunca tentou sair do cativeiro e lá permaneceu até o fim da guerra, quando em 1945, todos os sobreviventes foram libertados e Chaja e sua mãe puderam assim voltar à sua Lóds, cidade de origem.
Incrivelmente a vida lhe abriu caminhos para a felicidade e ela reencontrou sua paixão de juventude, que também sobreviveu aos horrores de Auschwitz. Casaram-se tiveram seu primeiro filho lá na Polônia, depois mudaram-se para o Brasil, São Paulo onde tiveram mais dois filhos.
Com muito trabalho e dedicação conseguiram montar uma pequena indústria de confecção de roupas, ele cuidava dos assuntos administrativos e ela da produção.
Dia 22 de fevereiro próximo, nossa verdadeira heroína, Dona Chaja completará 100 anos de vida, seus filhos, parentes e amigos estarão reunidos celebrando a vida e recordando suas batalhas e vitórias e nós da SIB temos muito orgulho de ter conhecido essa linda história de amor a vida de Dona Chana.
Na edição do Sib-news da semana que vem, continuaremos a contar mais episódios dessa história real, que deve ser divulgada através das próximas gerações, como um exemplo de resiliência, amor a vida e capacidade de superação, suas memórias estão eternizadas em gravações e fotos que Mauricio Lassmann e seus irmão guardam com carinho, como uma forma de eternizar a vida de Sra Chaja Nacha Lassmann.
Continuamos esta matéria, na próxima edição, até lá.
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