Israel comemora 74 anos de independência no dia 5 de maio deste ano. A passagem do tempo e as fotos solenes em preto e branco do período dão a impressão de que os acontecimentos históricos e os primeiros passos do recém-nascido país foram calculados, ordeiros e muito bem pensados.
Aviões de combate sobrevoam a bandeira israelense nas comemorações do Dia da Independência em 1957.Foto de Moshe Pridan/Governo Press Office
As coisas, entretanto, não poderiam ser mais diferentes: o próprio nome do país foi muito debatido, por exemplo.
Então continue abaixo para conhecer alguns fatos divertidos e fascinantes em torno da fundação do Estado de Israel, e você verá que a famosa atmosfera de balagan (caos) e desenvoltura do país está aqui desde o início. Feliz feriado!
1948 não foi realmente a primeira vez que um governo foi declarado
É do conhecimento geral que o Estado de Israel foi fundado em 1948, mas é muito menos do conhecimento comum que algumas pessoas tentaram fazê-lo cinco anos antes!
Em 1943, quando a Segunda Guerra Mundial ainda estava em andamento, líderes sionistas veteranos convocaram uma grande reunião pública em Ramat Gan chamada “A Congregação do Povo”, da qual um governo judaico temporário seria eleito. Como o blog “The Librarians” da Biblioteca Nacional de Israel lembra em detalhes, nada de importante saiu de todos esses longos discursos. Ainda assim, eles tentaram.
O nome do país não foi uma escolha óbvia
Israel hoje em dia é, obviamente, chamado de Israel. Mas haviam outras opções na mesa quando o Estado foi declarado independente. Taiss opções incluíam Zion (dispensado porque é um nome bíblico para Jerusalém, e também para distinguir entre o movimento sionista geral e a cidadania israelense), Ever (depois da figura bíblica Eber, e semelhante à palavra hebraica para hebraico, Ivrit) e Judéia (rejeitado para diferenciar entre judeus e cidadãos israelenses).
Israel, aliás, foi o nome sugerido pelo primeiro primeiro-ministro do país, David Ben-Gurion, que tinha fama de conseguir convencer um esquimó a comprar um freezer... Pois é....
A histórica cortina branca com a foto de Herzl pendurada quando a Declaração de Independência foi lida, escondia um segredo...
A independência de Israel foi solenemente declarada na entrada do então Museu de Tel Aviv. As famosas fotos mostram longas cortinas, bandeiras israelenses, um retrato do visionário sionista Theodor Herzl e homens de aparência séria reunidos no palco e em cadeiras à frente deles. Tudo como manda o figurino, certo?
Errado!
Leitura da Declaração de Independência de Israel - 1948 - foto por Zoltan Kluger/Government Press Office
As cadeiras foram retiradas de cafés ao redor e o retrato de Herzl e as bandeiras emprestadas do United Israel Appeal porque o orçamento de decoração era praticamente inexistente e não havia verbas para comprá-las. A coisa toda levou 24 horas para ser montada, mas os resultados acabaram parecendo absolutamente atemporais. Ah sim! A tal cortina, com a foto de Herz, ao que parece, foi pendurada para esconder pinturas de nus nas paredes.
Sabe as assinaturas na Declaração? Pois é... não é bem assim...
Declaração de Independência de Israel (Topo). Acervo Público.
A Declaração de Independência de Israel, além de ser um texto canônico, é um belo trabalho de caligrafia meticulosa. Tão meticuloso, que não estava completamente pronto a tempo para a cerimônia de assinatura. Como resultado, seus signatários não adicionaram seus nomes na parte inferior do texto, mas sim em um pedaço de pergaminho que mais tarde foi costurado pela esposa de seu designer no pergaminho completo.
Declaração de Independência de Israel: Assinaturas (note a costura acima do último parágrafo). Acervo público.
Ben-Gurion, caso você esteja se perguntando, leu o texto de um pedaço de papel datilografado simples ao qual ele acrescentou algumas notas manuscritas.
A primeira bandeira hasteada em Jerusalém foi colorida com giz de cera
Rebecca Affachiner foi uma verdadeira pioneira, tornando-se uma das principais figuras sionistas do início do século 20 e dedicando sua vida à comunidade judaica e à causa sionista. Entre suas realizações notáveis o fato de ter hasteado a primeira bandeira israelense em Jerusalém em 14 de maio de 1948, após o anúncio do estabelecimento do estado. Mulher engenhosa que era, ela mesma costurou a bandeira e usou giz de cera azul simples para colorir sua estrela de Davi e listras.
O governo organizou um concurso público para a criação do Selo Oficial do Estado de Israel, e depois rejeitou todas propostas!
Criar um Selo Estatal oficial não é tarefa fácil, e precisa levar em consideração design, história e funcionalidade. Pouco depois da fundação de Israel, o novo governo convidou o público a apresentar propostas, especificando que o referido emblema deve apresentar uma Menorá - o candelabro de sete lâmpadas - sete estrelas e as cores azul e branco.
Selo Oficial do Estado de Israel: Acervo público
Artistas obedientes enviaram 450 propostas e, eventualmente, um design de Gavriel e Maxim Shamir, do Shamir Brothers Studio, foi escolhido. Seu desenho incluía um candelabro de aparência moderna e estrelas ao lado de ramos de oliveira, mas mais tarde foi alterado para apresentar o candelabro do Arco de Tito em Roma e a palavra “Israel”. As estrelas caíram, e o resultado é o que vemos em alfinetes de lapela e moedas em todos os lugares.
O primeiro desfile anual do Dia da Independência de Tel Aviv não marchou
Nas duas primeiras décadas de Israel, um desfile militar acontecia todos os anos como parte das comemorações do Dia da Independência. Mas em 1949, um ano após a fundação do estado, as coisas não saíram como planejado. O desfile começou bem, mas logo a multidão invadiu entusiasmada as ruas de Tel Aviv o impediu de prosseguir.
A inusitada situação foi vista como altamente embaraçosa e levou um editor de jornal a se perguntar como o mesmo exército que apenas um ano antes conseguira defender todo o país não conseguiu atravessar uma simples rua.
Primeiro Knesset de Israel se reuniu em uma sala de cinema
O Knesset, ou Parlamento israelense, é um verdadeiro marco histórico, com sua majestosa arquitetura, esculturas e famosos vitrais. Mas a primeira casa da assembléia legislativa, bizarramente, não era nada mais do que um grande cinema em Tel Aviv chamado Kessem Cinema. Em tradução livre: O Cinema Mágico.
O local do primeiro Knesset israelense, anteriormente a casa do Magic Cinema em Tel Aviv. Foto de Benno Rothenberg, Coleção Meitar, Coleção Nacional de Fotografia da Família Pritzker, Biblioteca Nacional de Israel
O enorme edifício, construído em 1945, ostentava mais de 1.000 assentos estofados e desfrutava de uma localização fabulosa à beira-mar. Durante a maior parte de 1949, hospedou os primeiros parlamentares de Israel até se mudarem para Jerusalém. Nos anos posteriores, o prédio foi usado por funcionários da autoridade fiscal e pela casa de ópera israelense. Foi então demolido e reconstruído como um edifício residencial.
Como pode ver, a verdade é que a fundação de Israel como um Estado moderno foi, em bom hebraico: “Balagán” – em bom português: uma Bagunça! E talvez por seja este o segredo deste pequeno-grande país que, ao mesmo tempo em que é reconhecidamente uma potência tecnológica, vive em constante em uma constante luta interna pela sua própria identidade.
Em 2022, Israel chega aos 74 anos do mesmo jeito que “nasceu”: ultrapassando os desafios que lhe são impostos.
E para entrar no clima, que tal uma playlist cheia de músicas em hebraico para cutir?
Basta dar Play aí embaixo:
Mazal Tov Israel!
Chag HaAtzmaut Samaeach!
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