1o. dia (Shemot \ Êxodo\ 12: 21-51)
2. dia (Vaycrá \ Levítico 22:26-23:44)
Pessach certamente é um dos Chaguim mais festejados e ansiosamente aguardados por toda família judaica.
Imagem de Jeff Jacobs por Pixabay
Sendo a Festa de Nossa Libertação, temos duas porções especiais lidas nos primeiros dois dias, quatro leituras especiais para Chol HaMoed (dias intermediários), que são:
instruções para comemorar o Êxodo santificando o primogênito, evitando fermento e comendo Matzá em Pessach, contando aos filhos a história do Êxodo, em Êxodo, 13:1-16;
uma porção da Parashá Mishpatim que inclui as leis das festas, em Êxodo 22:24-23:19;
uma porção descrevendo Moshê recebendo as Segundas Tábuas e a revelação de D'us a ele dos Treze Atributos da Misericórdia, em Êxodo 34:1-26;
se acaso um destes “dias intermediários” de Pessach caia em um Shabat, a leitura se inicia em Êxodo 33:12
e finalmente as leis do “Segundo Pessach” e sua história, em Números 9:1-14.
Na porção de leitura da Torá para o Primeiro dia de Pessach (Shemot 12: 21-51), Moisés instrui os anciãos de Israel em todas as leis de Pessach. Fica bem estabelecido que todas as gerações vindouras devem observar as tradições da Festa da Liberdade, deste modo aprender sobre o significado e a importância do Chag.
Muitos estudiosos destacam a importância do Seder de Pessach e a leitura da Hagadá, como um instrumento didático para forjar a identidade judaica das crianças, no que provavelmente é a primeira história de luta de liberdade dos escravos (a famosa história do gladiador Spartacus, contra Roma se dará mais de 1 milênio após).
Destacam-se os temas da oferenda (Korban) de Pessach no Egito, a trágica décima praga, a que atinge os Primogênitos à meia-noite, e como com Braço Forte e Mão Estendida, o Eterno tirou os Filhos de Israel do Egito. Na convocação de saída rápida da terra da escravidão, o processo de fermentação do pão não se conclui, dando origem a Matzá, uma das marcas da festividade - conhecida também como Chag HaMatzot. Neste trecho, determina-se que o mês de Nissan é o primeiro mês do calendário, marcando o início da identidade de um povo, com seu próprio calendário.
O comentarista medieval Rashi se perguntava por que a Torah não se iniciava com a saída do Egito, tal a força dos fatos narrados aqui. A força destes acontecimentos ancestrais ressoam por séculos na mente e no coração do povo judeu, como demonstrado no caráter pedagógico do Seder e da leitura da Hagadá, a força simbólica das músicas, das quatro perguntas, toda a comemoração da festa de Pessach mostram como aquela viagem pela história jamais será esquecida.
Na Porção do Segundo Dia de Pessach (Vaycrá \ Levítico 22:26-23:44) há uma lista de todos os moadim – “os tempos determinados” no calendário para a celebração festiva, da ligação do povo e de cada indivíduo com HaShem. É descrita também a mitzvah da Mitzvá da Contagem do Ômer, os 49 dias de “contagem regressiva” até a festa de Shavuot, que se inicia na segunda noite de Pessach. Nesta porção são determinadas também as “Três Festas de Peregrinação” (Shalosh Regalim): Pessach, Shavuot e Sucot. Moisés instrui aos israelitas detalhes da observância do Shabat e dos Chaguim, e descreve as estações sagradas do Luach, Pessach, Shavuot, Rosh HaShaná, Yom Kipur e Sucot.
O tema deste Chag, a Saída do Egito, se confunde com uma dimensão espiritual, se tomarmos em conta que Mitzraim em Hebraico, de “ lugar estreito”, ocorreu com uma ação dos israelitas, que marcaram os portais de suas casas com sangue do sacrífico pascal para servir de sinal para eles mesmos. Rashi comenta que HaShem não precisava de tal sinal, este sinal marca assim uma tomada de consciência de uma identidade, aquela que precisa sair de um lugar estreito, e buscar espaço no deserto para seu crescimento. A Saída de Mitzraim é um convite à saída das nossas próprias limitações, sem esperar pelas melhores condições ou pelo melhor momento, pois requer urgência.
Chag Pessach Sameach V’Casher!
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