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Foto do escritorMarcos Wanderley

Pessach

“O caminho da liberdade e da fé”


Pessach é um clamor para reparação de um sofrimento. É a transição da escravidão para a liberdade de nosso povo. Nosso representante – Moshê Rabenu – somou-se às vozes dos filhos de Israel e buscou a providência diante do Eterno.

Imagem criada por IA para este texto.


Todos os anos, contamos o Seder de Pessach através da Hagadá: nossos antepassados foram escravizados pelos egípcios. Dez pragas assolaram o Egito, obrigando o Faraó libertar o povo judeu. E assim nasceu o nosso povo.


Os egípcios eram politeístas, adoravam a natureza, acreditavam nas leis de causa e efeito e isso, de certa forma, nos influenciou. O objetivo das dez pragas era desacreditar os deuses egípcios, nos prepararmos para uma ascensão espiritual inédita, pois o Faraó acreditava que o poder estava nos homens, nos animais e na natureza e rejeitava a ideia monoteísta. Ele próprio se julgava um deus. O rio Nilo era um deus para eles porque eles acreditavam que a subsistência era dada pelo rio.


A festa de Pessach comemora a transição do Povo Judeu da escravidão para a liberdade. Ano após ano, contamos no Seder de Pessach a história relatada pela Hagadá: Os egípcios escravizaram nossos antepassados, D’us interveio golpeando o Egito com as Dez Pragas e isso forçou o Faraó a libertar todos os judeus. Isso resume a história do nascimento do Povo Judeu. Os feiticeiros do Faraó praticavam magia, transformavam coisas que não podiam desfazer e acreditavam que os fenômenos naturais eram mágicos. Eles acreditavam na própria faceta que criavam, apesar de serem sofisticados e cultos, eram pagãos.


O que define o milagre judaico é justamente o contrário. O Eterno usa as leis da natureza que Ele próprio criou, entretanto, quando precisa acordar os seres humanos, as quebra de forma consciente para cuidar dos seus. Não é como o fenômeno ocorre, mas quando ele ocorre. Há alguém além do mundo físico e este é H’Shem, com mão forte e poderosa em uma linguagem antropomórfica. Pessach é a oportunidade que nós temos de lembrar deste grande cenário verdadeiro e termos mais uma oportunidade de afastarmos o paganismo e a assimilação cada vez mais de nossos corações, nos purificando a cada dia. A Matzá é o pão da pobreza que nos dá o ensinamento da simplicidade, de não termos soberba, de ser sermos quem devemos ser de acordo como os preceitos do Eterno, de crer nEle com Kavaná. É vivenciar a Torá e o judaísmo com seus ensinamentos em toda a sua plenitude, pois agora somos libertos.


Chag Pessach Sameach


Sefirat HaÔmer (Contagem do Ômer)


A Torá nos ordena contar o período do Ômer, a partir do segundo dia de Pessach, neste ano (2023) após o anoitecer do dia 6 de abril (quinta-feira à noite). Na época do Templo de Jerusalém, todo judeu tinha que levar uma oferenda dos novos grãos. No dia seguinte, iniciava-se o Sefirat HaÔmer (a Contagem do Ômer) que durava 49 dias e no 50º dia é a Festa de Shavuot. Com a destruição do Templo, não é possível fazer mais oferenda, mas a tradição da contagem do Ômer, continua até os nossos dias atuais. É uma imersão espiritual das sete semanas da saída de Mitzraim (Egito) até recebermos a Torá no Monte Sinai (em Shavuot). Este processo de 49 degraus serviu de libertação física e espiritual, já que havia uma influência do paganismo egípcio, era necessária a purificação espiritual para recebermos a Torá. H’Shem (O Eterno) mostrou a Moshê Rabenu como passar por este processo. Cada filho de Israel deveria mudar um aspecto de seu caráter e personalidade.


Nesses 49 dias de Sefirat HaÔmer temos a oportunidade de nos elevarmos, paulatinamente, os degraus do aprimoramento pessoal. De acordo com a Cabalá, são sete as emoções básicas de todos os seres humanos, e estas correspondem a sete das Dez Sefirot. Chamadas de Midot, estas são: Chessed, bondade; Guevurá, severidade ou força; Tiferet, harmonia; Netzach, perseverança; Hod, empatia; Yessod, união; Malchut, realização do potencial no homem. Os 49 dias do Ômer é a multiplicação de sete vezes as Sete Sefirot. Canalizamos a energia do dia quando interiorizamos seu significado, somando uma à outra.


As expressões do Eterno são consideradas emanações divinas pelas quais o mundo fora criado. Cada emanação é um arquétipo do físico, emocional, intelectual ou espiritual.


A emoção específica e a sua subdivisão é:

O 1º dia é Chessed Shebechessed - A bondade que existe na bondade;

O 2º dia é Guevurá Shebechessed - A severidade ou o rigor que existe na bondade. Etc.


A Contagem

A Contagem do Ômer deve ser sempre feita de pé, após o aparecer de, pelo menos, três estrelas, que é mais um novo dia.

Se alguém esquecer em alguma noite de contar o Ômer, poderá fazê-lo no dia seguinte, porém sem dizer a Brachá (bênção). Se a pessoa esquecer também no dia seguinte, não mais poderá recitar a Brachá durante os dias remanescentes. Porém, mesmo no caso de não mais poder recitar a Brachá, a pessoa deve continuar contando os dias do Ômer.

A Contagem do Ômer pode ser realizada em qualquer idioma, porém o costume é fazê-lo em hebraico. Todo Sidur apresenta a ordem e orientações necessárias.


Marcos Wanderley


Referências


  • Ecos do Sinai

  • Chumash

  • Torá de Rashi

  • Meor HaShabat Fax

  • O mais completo guia sobre judaísmo

  • Ser judeu

  • Revista Morashá

  • Serjudio.com


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