Quando falamos em segurança de voo, devemos levar em consideração alguns aspectos básicos a respeito de seres humanos operando aeronaves, independente de quem e qual seja a aeronave. O primeiro deles é que o ser humano não tem orientação espacial, portanto não pode pilotar sem auxílio de instrumentos em condições não visuais (chamamos essa categoria de operação por instrumentos, sigla IMC). O segundo é que sem um planejamento da adequado da viagem, fatalidades podem ocorrer.
O planejamento envolve parâmetros como: tempo de voo, combustível, condições meteorológicas no momento e previstas na rota, tempo de holding ou órbitas adicionais, condições das pistas, alternativa A, alternativa B e mais combustível para as alternativas, peso de decolagem, balanceamento da aeronave, obstáculos na decolagem e nas aproximações, UFA! E não acaba por aí. Os briefings de decolagens e pousos que são “cantados” na cabine antes de cada procedimento, devem ser seguidos a risca, pois também levam em consideração situações adversas, como necessidades de abortagem de decolagem ou arremetida no pouso.
Mas, consideremos um voo em condições visuais (sigla VMC) que em algum momento mudou para voo por instrumentos. Não é tão raro acontecer e a mescla dessas categorias é vulgarmente chamada de voo “visumento”. O ideal seria a tripulação assumir de vez o voo por instrumento, mas por diversas razões e principalmente por necessidades de pousos em aeródromos de operações exclusivamente visuais, pilotos se arriscam e as chances de acidentes se elevam.
Para evitar essas situações começa a ser implantada em aeronaves civis uma tecnologia que visa aumentar a segurança de voo. Abordamos no contexto somente tripulações e aeronaves certificadas para voo por instrumentos para o que vem a seguir.
Antes uma introdução: há algumas décadas surgiu na aviação militar um dispositivo chamado HUD (Head-up Display), que projeta a imagem do painel no vidro do capacete do piloto. Assim, o piloto não precisa desviar sua atenção do voo para ver informações no painel. Esse dispositivo já está implantado em aeronaves civis há algum tempo e está presente também na indústria automobilística.
A inovação está em outros dois dispositivos; Enhanced Vision System (EVS), que provê imagens em tempo real do terreno captadas por câmeras e Synthetic Vision System (SVS), que sintetiza as imagens construindo visualização em 3D. Os dois sistemas combinados (Combined Vision System CVS) proporcionam conhecimento sem precedentes do terreno sobrevoado.
Imagem: @Rockwell Collins
Agregam-se ao sistema, além das câmeras de captação de imagens, sensores de ultrassom de curto e longo comprimento de ondas e sensores térmicos, informações de GPS e de outros sensores da aeronave. Após o processamento dos sinais captados temos surpreendentes imagens artificialmente geradas num display de CVGS (Combined Vision Guidance System)
Imagem: @Honneywell
Imagem: @Honneywell
Apesar das limitações de certificação de operação atualmente impostas, sabemos que à medida em que os sistemas se provem mais confiáveis, serão utilizados em larga escala em todos os tipos de aeronaves e operações.
Num futuro mais distante simplesmente não haverá mais necessidade de janelas e para-brisas nos aviões.
Fonte: Flight Safety Foundation
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