
Depois de presenciar essa guerra em Israel, e ativamente participar dela como soldada, é de se esperar que meu coração esteja lá, mesmo quando estou aqui longe no Brasil. Durante o último ano que acaba de passar, eu me dediquei totalmente na batalha pelos nossos sequestrados, pela nossa segurança. Primeiramente como soldada, de outubro até fevereiro, e desde então lutando nas ruas ao lado das famílias dos reféns para que eles sejam retirados do inferno em Gaza.
O tempo não melhora e não diminui todas as dores e mágoas. Outubro chegou de novo e o povo de Israel continua levando a vida dentro de um trauma que não acaba. Depois de tanto tempo lutando, decidi vir visitar os meus avós, mesmo deixando para trás a batalha, mas sempre levando os reféns e suas famílias no meu coração.
Mesmo decidindo ficar fisicamente longe, as consequências emocionais não são fáceis, minha mente está lá o tempo todo, especialmente em um dia como esse. Às 13:00 eu assisti a cerimônia que as famílias dos assinados e dos sequestrados fizeram, foi uma demonstração emocionante da solidariedade israelense e da importância que a memória aos nossos mortos têm em nossa sociedade.
Mais tarde, meus avós, minha mãe e eu fomos para a reza de memorial na sinagoga da SIB. Para mim foi de imensa importância, ver uma comunidade judaica, se unindo com tanta potência, mesmo sendo em número pequeno, e foi extremamente tocante a conexão eterna que foi exibida entre essa comunidade e o estado e povo de Israel.
Como jovem, essa conexão me faz sentir que mesmo fora de Israel, nós nunca realmente estamos sozinhos. Israelenses tem a tendência de acreditar que o mundo inteiro está sempre contra nós, então ver a empatia e o amor que existe, chega até a curar um pouco as dores criadas naquele dia tenebroso.
Nesse último ano em protestos nas ruas, cheguei a cantar o hino de Israel semanalmente, às vezes com mais de 100,000 pessoas à minha volta. Mas nenhuma dessas vezes, irá jamais se comparar com a potência e o orgulho com o qual o hino foi cantado na cerimônia na sinagoga da SIB. Em Israel o hino é sussurrado, como se o povo tivesse medo de ser ouvido dizendo essas palavras para sua própria pátria. Quem me dera um dia esse orgulho e potência sejam cantados em voz alta também nas ruas de Israel. Talvez quando essa terrível guerra acabar e nós finalmente pudermos nos levantar das cinzas juntos com nossos irmãos na diáspora, para enfim reconstruir a nossa pátria Israel.
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