Entre o Shofar e as Memórias:um Shabat inesquecível que tocou corações

O último Shabat, dia 12 de setembro, foi bem movimentado na SIB. Às 17 horas, antes do início do Shabat, foi ouvido o toque do Shofar, como é costume no mês de Elul até Rosh Hashaná, seguido do acendimento das velas.

A sinagoga da SIB estava repleta e houve duas participações muito especiais: o cantor Beto Barzilay – que está preparando algumas crianças daqui para o bar e bat mitzvá – participou das orações com sua voz e violão – e a bimá contou com a presença emocionante de várias crianças pequenas que são alunas regulares da escolinha  Shabatinho.

ENTERROS EM LATAS

Antes das orações do Shabat, a SIB recebeu Clara Kardonsky Politi, que fez uma palestra sobre o livro autobiográfico “Minhas coordenadas: Memórias”. Argentina de nascimento e radicada em São Paulo, Clara descreve no livro sua trajetória desde a sua terra natal, Vila Dominguez.

Ao retornar muitos anos depois, visitou o cemitério local, quando soube da forma como os colonos judeus, paupérrimos, enterravam seus mortos: em posição fetal, dentro de uma espécie de tambores de metal onde eram armazenados os inseticidas usados na lavoura para combater as pragas de gafanhotos. Uma heresia, como observa a autora, pois os corpos não poderiam cumprir a crença judaica “da terra viemos e à terra voltamos”.

Da Argentina, Clara Politi foi para Israel. Após o casamento com um brasileiro, veio morar no Brasil.Teve também a oportunidade de morar no Peru, no México e em Quênia, graças às transferências do marido que trabalhava em uma empresa suíça.

No livro recheado de muita pesquisa histórica, Clara Politi conta sua vida de mulher, judia, militante pelos Direitos Humanos, mãe,esposa e avó. Ela aborda fatos do campo às barricadas estudantis, do kibutz aos palácios dos czares, da universidade à sua militância nos bairros periféricos e nos espaços de trabalho imigrante.