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Parashat Mishpatim

Foto do escritor: Dr. Saulo Brandão de Aguiar (Beniamin Ben Avraham)Dr. Saulo Brandão de Aguiar (Beniamin Ben Avraham)

Os juízos/ mandamentos racionais


Êxodo - Shemot - 21:1–24:18)


Imagem de Daniel Bone por Pixabay



(Como construir uma constituição)

(Como construir códigos)

(Como estabelecer justiça)


Na parashá passada, o povo de Israel de todas as épocas e tempos, aqueles que viveram no passado, todos nós que vivemos ainda hoje e aqueles que ainda viverão, foram apresentados ao contato extraordinário com HaShem e ouviu DEle/DEla, as Palavras/Falas.


Aparentemente, por toda nossa expectativa e todo nosso preparo, as Palavras do Eterno deveriam ser Falas tão extraordinárias que “explodiriam” ou deveriam “explodir” a nossa cabeça. Entretanto, por mais contraditório que seja, as Palavras Divinas são tão simples que chegam a serem muito óbvias e talvez seja, por isso, que elas sejam Divinas, por que se D-us não falasse na nossa “língua”, não faria sentindo essas Falas e porque também elas falam ao nosso coração e já estão conosco, a muito tempo desde que nascemos e não há como escapar delas, por que elas são, literalmente, a nossa Vida e Existência:


  1. Como duvidar do valor da Vida?

  2. Como questionar a importância da liberdade?

  3. Como não ter repulsa pela tirania?

  4. Como não poder ter escolha do que fazer com o seu próprio tempo?

  5. Como não amar e agradecer aqueles que nos formaram e criaram?

  6. O que é mais óbvio do que não roubar?

  7. Do que não trair o próximo?

  8. Do que não machucar? Do que não ferir? Do que não assassinar?

  9. Do que não usar a mentira ou a verdade contra o seu próximo?

  10. Do que planejar e arquitetar contra o seu próximo?


O problema é esses valores que aparentemente são óbvios, na prática, são extremamente difíceis. Por alguns motivos...

O ser humano tem algumas tendências decorrentes do processo de livre arbítrio, uma delas é a opressão e a segunda, é a racionalização.


No percurso natural da vida e na seleção natural, as diferenças entre os humanos fazem com que naturalmente, o mais forte oprima o mais fraco, o mais rico domine o mais pobre, o homem sujeite a mulher, um povo domine outro e um país controle outro ou vice-versa, talvez por um acontecimento revés...

No processo natural e livre de pensamento, o ser humano é capaz de justificar as ações mais opressivas e maléficas possíveis. É o processo da racionalização.


O ser humano sem os valores divinos inculcados em si, naturalmente, se distancia do que está na sua Alma e opta por oprimir o seu próximo no momento em que ele tiver o poder e a força para usar ou a justificativa para realizar suas ações. Sem esses parâmetros que conduzem as ações, qualquer ação pode ser realizada sobre algum pretexto. A questão é que quando alguém faz o que quer, costuma esbarrar ou oprimir ou impedir a liberdade do outro e o ajuste fino para que isso não aconteça, estão nos valores declarados pelo Eterno. É o paradoxo da liberdade: Ser livre não é fazer o que se quer, mas significa ter limites e restrições, é ter o número maior de escolhas sem impedir a escolha do próximo ou causar a opressão ou o dano do outro.




E a parashá dessa semana, Mishpatim, continua falando sobre esses valores, destrinchando-os. Os 10 valores, passam a ser melhor “explicados” em 613 “valores”. 6 - 1 - 3, cuja soma representa o número 10. As 10 Palavras são como a nossa constituição (cuja influência atingiu a maioria das cartas magnas dos países) e a parashá Mishpatim, que nós estamos lendo e estudando, apresenta 53 “mandamentos” dos 613 que representam as leis lógicas, o código civil e penal da Torá (cuja influência atingiu vários códigos no mundo todo) com todas as suas ramificações.


O objetivo de tudo isso: Evitar a opressão de uma pessoa em relação a outra e a justificativa de uma má ação ou resumindo, tudo isso em uma única frase: perseguir a Justiça.


Nós costumamos ter uma atitude de revolta com a “lei”, com as ordens, a imposições e a obrigações. Como se a “ordem” fosse “roubar” nossa liberdade, e de fato, impedir a imposição de decretos seria um desses valores, quando a Torá nos pede para derrubar as tiranias. No entanto, nossa visão sobre as leis Divinas ainda possuem um caráter infantil, podemos ter a ideia de que somos “obrigados”, no entanto, o Eterno não tem interesse algum em nossa obediência ou desobediência. O que o Eterno nos fala no monte Sinai, são falas e frases que representam a Sua essência, apenas isso, assim como elas também representam a nossa essência e falam a nossa Alma, por isso que é impensável não fazer o que o Eterno Falou/Fala por que seria negar a nós mesmos.


Um exemplo:


Não usar a mentira ou a verdade contra o seu próximo. (10 mandamentos)

Não lhe parece óbvio? Vou esclarecer melhor:


Não oprimir alguém com palavras. (613 mandamentos)

Melhorou ou ficou mais complicado?


Não fazer ou promover fake-news, não compartilhar notícias de origem duvidosa, não cancelar alguém nas redes sociais e coisas similares, não divulgar ou propagar uma ideologia que confunda e oprima as pessoas.


Onde está escrito isso na Torá?


“Lo Tissá Shemá Shavê Al Tashet Iadecha Im Rashá Lehaiot Ed Hamas”


Não sustente/ carregue/ eleve, ao ouvir, a falsidade/boato. Não coloque tuas “mãos” junto com a do ímpio, para produzir um testemunho violento e enganador.


Shemot 23:1


Lo Tihie Acharei Rabim Leraot Velo Taané Al Riv Linetot Acharei Rabim Lahatot.


Não se torne seguidor de grandes multidões para fazer males e não responda sobre uma discussão/contenda para pervertê-la seguindo as multidões que destorcem.

Shemot 23:2



Lendo esse texto, lhe parece que a Torá é um texto de 3333 anos? Para mim, parece tão recente e atual que foi escrito hoje contando do que pode acontecer amanhã...

É muito fácil se deixar levar e se afastar dos valores divinos, da mesma forma que é fácil de deixar guiar por eles...

Tome muito cuidado com o poder que você carrega para não oprimir o seu próximo. (como disse o Tio Ben:


Imagem de ErikaWittlieb por Pixabay


Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.


Preste atenção para a justificativa que você está dando ou dará para sua ação. Observe e se atenha aos valores que estão na sua Alma, os valores “óbvios” que estão na Torá e que foram pronunciados pelo Eterno. Que você possa entender que é impensável viver sem eles. Que eles possam guiar e “amarrar” nossos sentimentos, as nossas mentes e as nossas ações. Que esses valores voltem a ser a nossa Vida e a nossa Existência...


“Peço desculpas a todos vocês de antemão por quaisquer erros que eu tenha cometido. Fiquem à vontade para fazerem recomendações e correções ao texto”



Saulo Brandão de Aguiar (Beniamim Ben Avraham)



Amém!

Referências:

Chumash Torá - Rabbi Meir Matzliah Melamed ZT”L (Editora Sefer)

Chumash Torá - Rabbi Aryeh Kaplan (Editora Maayanot)

Comentários do Rabbi Jonathan Sacks ZT”L

em português(Site da Sinagoga Edmond Safra)

Spider Man (Homem Aranha) – Stan Lee/ Steve Dikto


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