Bereshit (Genesis) 6:9-11:32
Noach, O Justo
“Estas são as Gerações de Noé(...). Noé era um homem justo em sua geração: Noé andava com Deus.”
Imagem criada por I.A. para uso neste post.
Poucas histórias são tão universalmente conhecidas, sobretudo entre as crianças, quanto as histórias de Noé (ou em hebraico Noach) e da Torre de Babel. E certamente uma das que mais se aplicam ao momento contemporâneo que vivemos. No final da parashá Bereshit, percebe-se um certo arrependimento do Criador em relação a sua criatura humana. É a infância da história do homem, porém o ser humano já perdera sua inocência, São tempos em que predominam a violência e a degradação moral e da terra. Neste cenário O Eterno Identifica um homem justo: Noah. E Apresenta a este homem seu plano de reiniciar a criação e que este é encarregado de recolher em uma arca toda forma de vida terrestre e aérea para esta recomeço. O texto fala que Noah era um justo em sua geração. Isto geralmente é interpretado como a diminuir o seu status moral, ou seja, caso ele estivesse em outra geração talvez seu status fosse menor e não de um justo. Vejamos, porém o interessante debate registrado no Talmud - Midrash Rabbah, Bereshit 30: 9, que relata que houve um desacordo entre Rabi Yehuda e Rabi Nehemias. “Rabi Yehuda disse: Na sua geração ele foi considerado um homem justo, mas se ele tivesse vivido na geração de Moisés ou na geração de Samuel, então ele não teria sido considerado um homem justo.: No mercado onde os cegos clamam, o homem de um olho é chamado clarividente.”
Entretanto o Rabi Nehemias disse: Se ele era considerado um homem justo dentro de sua própria geração, então certamente ele teria sido considerado um homem justo, se ele tivesse vivido na geração de Moisés e Samuel. Isto poderia ser comparado a um frasco bem fechado de perfume caro colocado dentro de um cemitério que ainda produziu um cheiro agradável. Se fosse fora do cemitério, iria produzir um cheiro muito melhor! “
Sou adepto da interpretação do Rabi Nehemias. Vivemos numa época turbulenta, cheia de ódios infundados e violência gratuita. Além disso há também uma grande degradação do mundo natural. Talvez vivamos a herança do desentendimento da história da Torre de Babel.
Se ouvirmos com atenção a história de Noach, aprendemos que apesar de toda destruição a história termina com um voto de esperança num mundo melhor, um sinal que se apresenta nos céus, como símbolo de uma aliança com toda humanidade, somos convidados a sermos parceiros da Criação.
Somos convidados não à construção de “Torres de Petulância”, como a Torre de Babel, para atingir os Céus, mas com o trabalho de renovação permanente, interior ( Tikun HaNesfesh) para ajudarmos na reparação do Mundo, Tikun Olam.
Nesta história judaica apresentamos um não-judeu, como um homem justo e Pai de Toda a Humanidade, é significativa da mensagem poderosa do próprio judaísmo como uma Luz para as Nações e um símbolo de tolerância.
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