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Saúde é um tema que sempre nos diz algo. Todos nós queremos estar em plena forma física e mental. A Torá nos traz outra dimensão à nossa saúde. A espiritual/ética.
Na atualidade, o necessário cuidado com o corpo vem muitas vezes acompanhado de uma atitude de cobrança e até de arrogância em relação aos pobres mortais acima do peso, e falo em defesa própria. Qualquer desvio em nosso bem-estar é acompanhado de uma crítica, "também, como esse peso!".
Infelizmente, ou felizmente, esses críticos têm alguma razão. Pena que alguns deles, não sendo exemplo de conduta dietética, têm a Chutzpah de falar do outro. Seria maravilhoso se o fizéssemos por cuidado genuíno e de forma gentil, sem aquela risadinha.
Essa atitude, da crítica ao outro, de forma jocosa, sem levar em consideração o que outro pode estar passando expõe outras questões. A mental, que pode ser um reflexo da não aceitação de si mesmo, logo projetando no outro defeitos que me incomodam em mim mesmo, e a espiritual/ética. Aqui temos um diagnóstico de como estamos por dentro. Ora, se o meu prazer em zombar do outro é maior do que o meu cuidado para com ele, estou sem dúvida, em apuros.
A Parashat Tazria conecta fatos e consequências da saúde física a eventos que podem trazer outros desdobramentos à quem está fragilizado, ou fragilizada mais especificamente, em termos de força vital. A parturiente é alvo de uma série de cuidados, e a "impureza" que é atribuída a ela, mas que se estende a outras condições, são um sinal de pausa para que a mulher que está com seus hormônios em processo de reacomodação não fosse obrigada a certas obrigações. É o popular "resguardo".
Além disso, há as orientações aos Cohanim, os sacerdotes aaronitas, que saberiam como lidar com situações diferentes, determinando quem está puro, ou seja, apto ao convívio social e quem está impuro, não apto a esse convívio para não contaminar outros com sua enfermidade.
As implicações espirituais e éticas aqui são inúmeras. Podemos fazer várias alusões, desde a Lashon haRá, que assim como certos vírus se alastra, à irresponsabilidade com o outro, quando não nos afastarmos quando é necessário fazê-lo para protegê-lo. Além da questão do tempo necessário para certas ações, como o Brit Milá e o que depois se tornou tão popular entre nós israelitas, o Simchat Bat (Zeved Bat), que nos faz refletir que para tudo há um tempo apropriado. Devemos lembrar que saúde plena não se restringe ao corpo, mas à mente e à alma. Não é à toa que nossos Sidurim trazem a prece Refuat haNesfesh U'refuat haGuf (cura para a alma e cura para o corpo). É claro que podemos brincar uns com os outros como sinal de carinho e afeto, mas nem todos estamos nos nossos melhores dias e seria bom dar vazão à sensibilidade para perceber se o momento é para uma brincadeira ou para um abraço.
O povo judeu como um todo sempre foi brindado com médicos de excelente competência e afinco. Os Moshés, Maimônides e Nachmânides, os modernos, que simplesmente inauguraram especialidades novas. Muitos deles se colocaram historicamente à disposição de nosso Ishuv e deram exemplo de zelo por nós, e principalmente por aqueles que não tinham recursos para cuidar de si. A Sociedade Israelita da Bahia não fica atrás e tem verdadeiros conselheiros em seus médicos.
Devemos sempre ouvi-los, esses sim, autoridades em suas especialidades. Quando eles me dizem, "vai andar", eu vou!
Saúde a todos, Rosh Chodesh Nisan Tov e Shabat Shalom!
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