
Estimulado pelos comentários positivos que a Diretoria recebeu pela realização do Encontro para marcar a data de 27 de janeiro, Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, associado a preocupação que alguns externaram, pela ausência de jovens neste evento, preocupação que também compartilhamos, gostaria de fazer algumas reflexões dos porquês.
Sem a presença de jovens, que participem de nossas atividades, como formaremos novas lideranças? Sem novas lideranças, qual será o futuro da Sociedade Israelita da Bahia? Quem cuidará de nosso cemitério? Nossa continuidade está ameaçada? Será que não soubemos transmitir o sentimento e valores judaicos aos jovens?
A SIB, entidade fundada em 17 de abril de 1947, daqui a pouco completando 77 anos de existência, tem experimentado nos últimos 30 anos ou mais, um esvaziamento progressivo e preocupante das famílias judias que outrora frequentavam, prestigiavam e trabalhavam pelo seu fortalecimento e que paulatinamente foram deixando de participar da vida da nossa SIB.
Os motivos deste afastamento são múltiplos: muitos fizeram Aliah ou migraram para o sul do país, outros por divergências pessoais ou de ideias, que a maioria nem recorda mais o motivo, outros já partiram e deixaram saudades e outros simplesmente por não encontrarem um ambiente que os agrade ou a falta do sentimento de pertencimento a nossa entidade.
Reflitam, já tivemos, duas escolas regulares, a primeira inaugurada em 1925, a Escola Israelita Brasileira Jacob Dinezon que encerrou suas atividades em 1979 e a segunda a Escola Ber Borochov, do grupo sionista, que funcionou até a década de 1940. Tivemos um clube, A Hebraica, que pela baixa frequência, também encerrou suas atividades no início dos anos 2000. Haviam ainda, duas organizações femininas a Naamat e a Wizo porém atualmente só a Naamat mantem alguma atividade.
A Escolinha Shabatinho, que veio preencher uma importante lacuna educacional para nossas crianças, encerrou suas atividades, dando lugar a SIMCHA, Judaísmo para crianças que infelizmente, também está encerrando suas atividades este ano, por ausência completa de alunos e os movimentos juvenis como Dror e Habonim, que se fundiram, hoje mantem atividades muito restritas e com baixa frequência.
Temos um cemitério, imaginem na ausência da SIB, quem irá tomar conta dele, como ficarão os túmulos dos nossos familiares e entes queridos?
Este tema merece uma reflexão de todos, qual a importância da presença da SIB para os judeus da Bahia? Qual o futuro da SIB? Para onde e como queremos seguir? Como sensibilizar cada judeu que vive aqui para que ele venha participar, colaborar e fortalecer a vida comunitária e judaica em nosso meio.
A verdade, é que nós da Diretoria, não temos respostas, a todas estas interrogações. Estamos trabalhando e estimulando atividades que mantenham nossa cultura, nossa fé e nossos valores nas terras Bahianas.
A SIB hoje é uma das federadas da CONIB, somos a principal representante da comunidade judaica no nosso Estado, participamos ativamente das interações com a comunidade maior e outras comunidades, combatemos o antissemitismo e antissionismo. Porém para o sucesso de sua atuação a SIB necessita do engajamento e a participação de todos ou pelo menos um número significativo de Associados para aumentar sua representatividade e para que nossa história não termine de forma triste e melancólica. No mínimo necessitamos de organização comunitária para cuidar do nosso Cemitério e honrar nossos antepassados que tanto fizeram para estruturar e organizar uma comunidade judaica pujante na Bahia.
Temos enormes desafios, que merecem uma discussão ampla para tal devemos convocar uma Assembleia geral, órgão maior decisório de nossa Associação, para traçarmos nossos rumos e nosso futuro.
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