Nos tempos atuais em Israel, o Tu B’Av (15º dia de Av) tem se transformado em um dia para se sentir bem, caracterizado principalmente pela troca de presentes como chocolates e flores entre cônjuges para celebrar seu relacionamento - uma versão judaica do Dia dos Namorados.
Festa de Tu B’Av na SIB em 2018
Contudo, para o povo judeu, o Tu B’Av tem um significado muito mais profundo. Há um antigo ditado que declara: "Não houve dias tão bons para Israel como o Tu B’Av, um dia no qual as tribos eram autorizadas a se misturar umas com as outras e onde cada pessoa compartilhava sua bondade com o próximo" (Tiferet Shlomo). O tipo de amor que o Tu B’Av verdadeiramente simboliza é o amor incondicional que deve se espalhar entre todos os judeus e, eventualmente, por toda a humanidade. Não é por acaso que esse dia ocorre imediatamente após o Tisha B’Av, que representa o extremo oposto: ódio irracional.
A transição direta do Tisha B’Av (9º dia de Av) para o Tu B’Av simboliza o único caminho para alcançar o amor genuíno, começando pela conscientização de que nosso estado atual está em completo contraste com ele. Reconhecer o ódio infundado que reside em nossos corações é um pré-requisito para alcançar o amor incondicional, conforme está escrito: "O Tu B’Av é a correção e a compensação do Tisha B’Av" (Likutey Halachot).
Cerca de 4.000 anos atrás, Abraão, o progenitor do povo judeu, percebeu que a dinâmica natural também se aplicava à sociedade humana. Enquanto os babilônios ao seu redor afundavam no egoísmo e na divisão, ele reconheceu esse estado como um prelúdio para um novo grau de conexão humana. Abraão "plantou amor por todas as pessoas" (Noam Elimeleque, Sefer Noam Elimeleque) com a visão de um estado superior e "percorreu cidades e reinos, até que milhares e dezenas de milhares se uniram a ele... e se tornaram uma nação" (Maimônides, Yad HaChazaká).
Essa é a narrativa menos conhecida sobre a origem do povo judeu. Na verdade, a palavra "judeu" deriva de "Yechidi", que significa "aquele que se apega ao ponto de vida, onde a unidade reside" (O Admor de Gur, Sefat Emet).
Qual é a chave que os judeus possuem? Eles têm em mãos o método para construir uma rede de conexões altruístas acima do crescente egoísmo humano. A trajetória do desenvolvimento humano está gerando gradualmente uma necessidade crescente por esse método. Portanto, o método para alcançar o amor genuíno entre as pessoas, a base do povo judeu, está se tornando gradualmente o que o mundo inteiro necessita.
Nos últimos 2.000 anos ou mais, o que permaneceu do método de unidade que deu origem ao povo judeu são principalmente símbolos, tais como tradições e feriados que hoje compõem o Judaísmo. Apenas um pequeno grupo de pessoas em cada geração continuou a se envolver e desenvolver esse método de unidade. Com o tempo, esse método passou a ser conhecido como a "sabedoria da Cabalá".
A sabedoria da Cabalá oferece as ferramentas e o conhecimento necessários para nos preparar para o próximo nível da experiência humana, em direção ao qual o mundo está inevitavelmente evoluindo. Portanto, do ponto de vista da Cabalá, o Tu B’Av não se trata apenas de trocar felicitações por um dia e, em seguida, retornar às disputas e confrontos. Em vez disso, esse dia deve servir como um poderoso símbolo do trabalho diário que devemos realizar para elevar-nos a um novo patamar de conexão entre nós e, posteriormente, compartilhá-lo com a sociedade humana como um todo. Como afirmou o renomado cabalista Yehuda Ashlag: "Todo o nosso trabalho consiste em descobrir o amor dentro de nós, todos os dias".
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