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Um papo com Gabriel Meyer

Foto do escritor: Roberto Camara Jr.Roberto Camara Jr.


Gabriel Meyer nasceu em um acampamento educacional de verão (Machané Kaitz) criado por seus pais em Córdoba, Argentina. Ele cresceu na época da ditadura e aos 16 anos era um ativista espiritual e de direitos humanos comprometido, seguindo o exemplo de seu falecido pai, o rabino Marshall T. Meyer.


Trabalhou no teatro, cinema e televisão como ator, escreveu em uma revista underground e, após uma breve passagem pelo departamento de teatro da Europa e UCLA, deixou a Argentina aos 22 anos.


Estudou, viajou e praticou tradições sagradas, sabedoria de cura, música e dança através do Oriente Médio (Jordânia, Turquia, Egito) Europa, Brasil, Irlanda, África (África Oriental, Zimbábue, Marrocos, Gana) Índia e América Nativa (norte, centro e sul). Ele viveu nas ilhas gregas, Paris, Nova York e no deserto do Sinai.


Antes do seu Show na SIB, Gabriel foi gentil o suficiente para responder algumas perguntas e você confete a entrevista abaixo:


SIB e-news:

Olá, e obrigado por aceitar responder algumas perguntas para o SIB e-news. Vamos começar com o básico:

Como foi nascer e viver em uma Machané Kaitz? (O que eu acredito ser o sonho de toda criança...)


Gabriel Meyer:

Nascer em um Acampamento educativo, como Machané Raman, que foi criado por meu pai, minha mãe, foi maravilhoso porque eu nasci na natureza, perto de um rio pequenino, em Córdoba (Cidade o norte da Argentina - N.E.).

E este acampamento era muito especial, porque ali nasceu minha espiritualidade.

Sempre fui como campista, cresci lá e era onde todos os anos passava um mês. (Lembro d) Os preparativos para Shabat - chamavam de Preparações Espirituais/ Tchaná Ruchanit - era no rio, ali sentados nas pedras. Seis ou sete pessoas acompanhadas de um guia e falávamos o que sentíamos antes do Shabat. Era muito, muito forte e muito importante para meu crescimento espiritual este acampamento.

Além de futebol que eu jogava muito lá, os esportes e as meninas... e a sexualidade e o crescimento como adolescente depois.

Enfim, foi uma maravilha e sou muito orgulhoso de ter nascido lá



SIB e-news: De acordo com o seu site, você se autodenomina um "Criativo Radical", o que isso significa?


Gabriel Meyer:

Então, "Radical Creative", um Criativo Radical... A palavra "radical" vem de "raiz", então eu estou enraizado na criatividade, não?

Da criatividade que vem da própria vida, da respiração, de estar aqui em relação com todos os seres de todos os mundos. Então, além de artista, tenho a conexão também com diferentes dimensões, com os animais, com as árvores com a natureza... a criatividade nasce da raiz, não?

De uma raiz espiritual, de uma raiz conectada com o mundo - não separada. Conectada com a justiça, conectada com a estética, com a arte - obviamente - com a música, poesia, teatro e todas as coisas que eu também fiz nas artes que tem a dimensão mais elevada quando estão enraizadas no espírito.

É como também o ativismo quando está enraizado no espírito, então este ativismo é sagrado, como era meu pai que ia nos cárceres argentinos durante a ditadura com uma Torá, um Tanach na mão, como um Rabino não como pessoa política, mas como uma pessoa que está enraizada no espírito da Torá.


SIB e-news:

De onde vem a inspiração para suas criações?


Gabriel Meyer: (As) influências de minha criatividade, como falei, vem da natureza, vem da própria vida, vem das relações com outros povos...

Eu viajei muito então conheço muito das (diferentes) culturas então tento fazer pontes entre culturas diferentes.

Sim, minhas experiências de vida, obviamente meu pai é um mestre, (Abraham J.) Heschel e seu amigo Martin Luther King, todos formam esta criatividade que eu trago e músicas de todo o mundo, músicas que vem da natureza, som que vem do coração...

E como argentino eu também tenho influência da Argentina, como eu cresci, não?

Então é uma espécie de salada musical que eu trago de linguagem também porque eu cresci (ouvindo) inglês e espanhol porque meus pais nasceram nos Estados Unidos, mas eu era argentino e falava espanhol e escutava também o folclore, o tango, o rock'n'roll, o que se escutava em Buenos Aires quando eu crescia, enquanto meus pais escutavam música clássica e jazz.

E bem, depois eu comecei a viajar e comecei a estudar música africana e da Índia e começou a abrir o panorama musical - o que se chama de "World Music" de distintas culturas. Um pouco isso.


Quais são suas influências musicais?


Gabriel Meyer:

Meu pai foi um dos meus grandes mestres, amigo e fã.

Ele se foi há um tempo, em (19)93, mas eu sempre (pude) curtir muito com ele.

Sempre se mantinha perto da Torá e da sua mensagem mais importante, que é a justiça, a paz e amor, como é dito em Tehelim, o Livro dos Salmos.

E como foi iniciado, Abraham Avinu pelo seu mestre, Melquisedeque - como é dito no Livro de BeReshit, depois das guerras (que) ele se sentou com ele, bebeu vinho e comeu pão. E neste pacto, o vinho representa a verdade e a justiça e o pão, o amor e a paz. E devem estar juntos. Você não pode separar a justiça do amor ou a justiça da paz. E não pode separar a verdade da paz ou do amor.

Meu pai, acredito, estaria agora lutando como sempre para encontrar a justiça, a verdade, o amor e a paz.

Ele gostava muito de arte e o fazia com um estilo muito carismático e muito conectado com a natureza também.


Seu pai - impossível não falar dele - Rabi Marshal T. Meyer, Z"L, foi um dos mais destacados ativistas na luta pelos direitos humanos no mundo e principalmente na América Latina:

Como você acha que ele veria o surgimento de um radicalismo tão generalizado contra essa questão nos últimos anos em todo o mundo?


Gabriel Meyer:

Como já disse, eu cresci com meu pai. Então a mensagem da justiça e da paz que tem o judaísmo cresceu comigo e isso é uma influência muito grande em minha vida.

O espírito que trazia Heshel, o mestre Chassídico do meu pai, quando estava nas marchas contra a Guerra do Vietnam, ou Direitos do Negros nos Estados Unidos - os "Civil Rights" (Direitos Civis).

Meu pai mesmo, no cárcere, quando eu fiz, por exemplo, o Bar Mitzvá, a primeira vez que coloquei Tefilin, foi quando fui visitar, na quinta-feira, antes do meu Bar Mitzvá, com Jacob Timerman, um preso político, que ainda estava em prisão domiciliar. Então, quando eu coloquei o Tefilin com meu pai e com Timerman, esta manhã para o meu Bar Mitzvá eu chorei. Havia policiais com metralhadoras apontando (para a gente) enquanto estávamos colocando o Tefilin.

Então isso influenciou muito minha vida, minha arte e sempre resgato estas mensagens.

Eu tenho um primeiro álbum, chamado Merkavá - que foi o primeiro álbum que fiz com Amir Paz, em Israel, da banda Sheva, e que tem as pérolas, as joias da Torá. A visão do Profeta Ezequiel - Perek Alef/ Primeiro Capítulo, (tudo isso está) lá no Merkavá.

Com músicas novas. Va Ahavta, Le Reatá Camochá que é uma nasceu quando meu pai morreu, na Shivá.

Tem os 10 Mamarei HaBriá, que são de BeReshit, todos os VaYomer e todos os 10 Mandamentos - VaIdaber.

Então, tudo com músicas novas e muitas outras que criei para Tefilot e talvez vamos cantar Lechá Dodi ainda nesta sexta-feira e Shabat ou uma como "Ama-te a ti mismo" no Show, no sábado (dia) 21, depois da Havdalá.

Então, a influência é muita e sempre venho com esta mensagem profética, profunda dos profetas hebreus da antiga Israel que sempre agiam contra a corrupção dos sacerdotes em contraste com o poder do Rei, da frivolidade do povo e com a injustiça com os pobres.

Esta é a mensagem que meu papai me transmitiu, meu pai, e que cresci com isso.

Está, como dizem, infiltrado em todas as minhas músicas, em tudo o que eu faço.

Formam minha arte.


SIB e-news: Mais uma vez, obrigado por responder nossas perguntas e, como se costuma dizer por aqui e já com o perdão do termo: Muita Merd....


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