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A Torah como Chuva e Orvalho

Parashat Ha’Azinu

(Deuteronômio\ Devarim 32: 1–52)


Lida entre Yom Kipur e Sucot, a Parashá Ha’Azinu (“Escuta” em hebraico), a penúltima do ciclo de leitura anual, contém de forma poética, mas duras as vezes, as últimas palavras de Moshé, naquela que é conhecida como Canção de Moshé. Nesta Canção Moshe Rabeinu, pede que os Céus e a Terra escutem as palavras que dirá, comparando sua Instrução com Chuva e Orvalho. Existe um Midrash que explica que se inclinarmos nossos ouvidos para Escutar a Torah, toda criatura celestial ou terrena, fará silêncio para que possamos escutar todos os ensinamentos contidos nela. Rashi, o grande comentarista medieval francês, explica que assim como a Chuva significa alegria e Vida para a Terra, assim é a Torah dada a Israel, que é Vida para todo o mundo, porém quando chove todos notam e se alegram, porém o orvalho que cobre a Terra todas as manhãs, requer nossa atenção, pois sua natureza discreta não clama pelos nossos sentidos, podendo passar despercebida. Mas assim como a chuva, o orvalho também é ofertado em gotículas, ambas favorecem a fertilidade do solo, como a Torah favorece o crescimento moral de quem escuta suas palavras, conclui o sábio medieval.


Nesta Canção, HaShem é comparado a Uma Águia pois oferece proteção aos seus filhos e a uma Rocha, Tzur Israel, Rocha de Israel. Ibn Ezra, que viveu na Espanha Islâmica na idade média, comenta sobre a comparação com Rocha, lembrando que estas e outras comparações são metafóricas e que O Eterno não tem forma, mas assim como a Rocha é Forte e Permanente, significando Seu caráter Atemporal, bem como a imutabilidade das Leis da Natureza. Porém a Parashá traz diversas advertências ao caráter teimoso do povo de Israel, que mesmo assim recebe muitas bênçãos, pois apenas a Justiça e as Obras de D”us São Perfeitas. Ouvir estas advertências logo após o Yom Kipur, porém também pode ser observado por lentes otimistas. Refletindo sobre esta porção semanal, em sua obra Kedushah Levi, o Rabino chassídico, Levi Ytzhak de Berdichev (1740-1810), um dos mestres da fase criativa do chassidismo, conhecido por sua intensa piedade e amor incondicional pelo judeus, nos lembra que nossos Sábios no Tratado Talmúdico de ‎‎Pessachim, declara que a única razão pela qual o povo judeu foi disperso pelo mundo, ao invés de em uma ilha isolada, foi para que os demais povos pudessem conhecer os valores judaicos e assim ter uma chance de se converterem ao judaísmo.


Assim embora cheia de advertências a possíveis castigos, a canção de Moshé, também traz a lembrança de que recebemos a Torah como Chuva e Orvalho, com os quais podemos fertilizar nossos corações e mentes para o correto entendimento, tendo chance de ser rápido como a chuva ou suavemente como o orvalho. E assim como lembra o rabino Levi Yitzhak de Berdichev, sermos uma Luz para as Nações, através da vivência de Valores Judaicos.



Imagem de jplenio por Pixabay

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