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Foto do escritorLuciano Ariel Gomes

Parashat Netzavim


(Devarim 29:09 - 30:20)



O título da parashá desta semana é Netzavim "de pé - os que estão de pé". Esses que estão "de pé" são o povo de Israel ali presente, escutando as admoestações finais de Moshé Rabênu, fato que já foi enfatizado devidamente nos comentários das Parashiot anteriores. Aqui, Moshé diz aos israelitas que todos estavam de pé diante do Eterno prontos para entrar no pacto. Pacto este que não podia ser violado, sob pena de trazerem sobre si diversas maldições. Ainda assim, mesmo após tal violação, o retorno aos caminhos da Torá, o retorno ao Eterno, estaria aberto. Esse retorno, ou Teshuvá, os faria voltar também à terra dos pais. Onde estivessem, nas diversas partes do mundo, a obediência à Torá os traria de volta. Esse retorno, proporcionado pelo próprio Eterno, seria em amor. O amor do Eterno por Israel.


Moshé deixa claro que a Torá não estava além do nosso alcance, e reitera que cabia ao povo, e obviamente a cada indivíduo, escolher entre a benção e a maldição, a vida e a morte. Moshé então diz sem rodeios "escolhei portanto, a vida!" E por "vida" ele quer dizer amar a Deus e ouvir Seus mandamentos. Podemos expandir um pouco o tema das bênçãos e das maldições. Que linguagem é essa que a Torá utiliza? Maldições, o que seriam?


Não temos dificuldade alguma em incorporar ao nosso vocabulário o conceito de "benção". São as coisas boas que acontecem em nossas vidas. O sustento e a prosperidade, tanto material quanto intelectual. A tranquilidade de andar com a cabeça erguida sabendo que fizemos no passado, e procuramos fazer no presente, ações que nos trazem prazer por fazer bem ao outro e à sociedade na qual estamos inseridos. E por aí seguimos. "Bênção", portanto, é um valor que buscamos e que só faz verdadeiro sentido ao compartilharmos. "Benção" está, consequentemente, intimamente ligada a "Shalom".


Quando não compartilharmos nosso bem, nossas bênçãos, começamos a entrar num processo conhecido como "maldição". É um termo que pouco usamos. Parece que no nosso subconsciente mágico, falar a palavra teria o poder de realizá-la. Na verdade, isso não está muito longe da realidade. O termo em si quer dizer "falar mal", ou "trazer o mal pela palavra". O conceito de "lashon ha-rá" é o que está intimamente ligado ao conceito de "maldição". Ao falarmos mal e ao preenchermos nossa vida com o mal, o ódio, o preconceito, a maledicência, a crítica destrutiva, passamos a nos preencher com o que é oposto à Torá. Todos esses males são listados na Torá como transgressões. A partir daí outros males seguem. A violência contra o outro normalmente começa com palavras ofensivas. As desuniões dentro das famílias, com palavras desmedidas pela intimidade. E até as amizades se desfazem quando não há esse cuidado. A partir daí muitas outras transgressões seguem.


Ao nos entregar a Torá, parece que o Eterno contava com nosso crescimento, com nossa evolução. Benção e maldição eram os termos utilizados pelas sociedades antigas, em que o medo do sobrenatural era constante. O povo judeu não estava livre disso e a Torá nos fala nesses termos. A Guemará, no capítulo 13 do Tratado Zevachim - folha 108-b nos diz: "A Torá fala na linguagem do ser humano". Maimônides esclarecerá posteriormente em seu "Guia dos Perplexos'', que essa frase é crucial para o entendimento da Torá. O que está diante de nós, então, é a instrução de que cabe a nós escolhermos como será nosso caminho. Se fizermos o bem, a consequência é o bem, e a Torá nos ensina o que é o Bem. Se fizermos o mal, a consequência será o contrário do Bem, a distância dos valores mais sublimes da existência humana. O judaísmo soube incutir isso em nós através dos séculos, e apenas aqueles que se colocam longe da Torá se perdem desses valores. No entanto, como diz o texto, podem retornar a qualquer momento, fazer Teshuvá, aproximar-se da Torá, dos valores éticos que nos fazem quem somos.


Rosh Hashaná e Yom Kippur estão próximos. Nossa comunidade estará mais uma vez "de pé" entoando Avinu Malkenu, Nosso Pai, Nosso Rei. Nada mais apropriado. Ao nos colocar entre a benção e a maldição e entre a vida e a morte, a Torá, a Instrução do Eterno, em amor, faz uma relação lógica: Maldição = Morte; Benção = Vida. Escolhamos sempre pois a VIDA, esta é em si uma MITZVÁ!


Shabat shalom veShaná Tová uMetuká!



Imagem de Pexels por Pixabay


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