Parashá Hashavua
- Emerson Luiz (Davi benAvraham)
- 22 de mai.
- 3 min de leitura
(Behare Bechucotai).Vayicrá (Levítico25:1-26:1eLevítico 26:3-27:12) Haftará Jeremias 32:6-27 e Haftará 16:19-17:14
Behar (No monte)
Essa porção vem nos ensinar detalhes das leis shnat shemitá (ano de descanso da terra). Esta importante mitsvá deve ser observada em Eretz Israel e destaca o ensinamento que “seis anos trabalharás a terra” e no sétimo ano deverá se dar uma pausa, ou seja, não plantar, não colher, descanso total das atividades agrícolas, no intuito de permitir um ciclo de revitalização.
Hashem promete que abençoará a terra para que produza alimentos suficientes durante esse período de descanso.
Também traz o conceito de tzedaká (justiça social) que nos ensina o dever de nos preocuparmos com o bem estar do próximo, e é justamente isso que a Torá quer nos dizer “para que teu irmão viva contigo é um sagrado dever a todos, o forte espírito coletivo”. Além disso, todos eram obrigados a emprestar ao necessitado dinheiro e alimento sem juros (Lev. 25:37). Assim se mantinha o equilíbrio da fortuna, os ricos cobrindo o déficit dos pobres.
Nos tempos bíblicos e ainda muitos séculos mais tarde, éramos um povo lavrador. Na economia agrícola, tinha necessitados e pobres (e na categoria de pobres foram incluídos asviúvas, osórfãos, os leviim e os estrangeiros)que tinham direito a oferendas dos produtos da terra: frutas que caem das árvores; o rebuscar durante a vindima; o respigar durante a colheita do trigo; a pea (os cantos dos campos que não podiam ser ceifados) e o maasser ani (o dízimo que a cada três anos era distribuído entre os pobres).
Não se tratava de esmolas e sim de direito, de justiça para com o necessitado. Esses donativos poderiam, inclusive, ser cobrados dos proprietários legalmente, caso eles se recusassem a fazê-lo voluntariamente.
Em cada sete anos, eram remidas as dívidas dos pobres, havia libertação dos escravos e no quinquagésimo ano (yovel, ano do jubileu), as terras eram restituídas aos seus primeiros proprietários.
Portanto na mitsvá de shemitá, aprendemos a lição de que tudo que possuímos não é nosso absolutamente; tudo épassageiro, e num mundo tão desigual, há a necessidade de compartilhar, ou seja, o homem não é responsável apenas por si próprio, é responsável para com a sociedade como um todo.
Bechucotai (Meus estatutos)
Na porção Bechucotai Hashem disse: “se vocês andarem nos meus estatutos, guardando os meus preceitos, vivendo de acordo com a torá”, Ele prometeu muitas bênçãos ao povo de Israel e que, através dessa conexão, a terra daria sua colheita no tempo apropriado com abundância de alimentos. Haveria shalom, viveriam com tranquilidade e a Sua divina presença estaria no meio deles, manifestando os Seus atos poderosos.
Porém, a palavra chucotai vem da raiz chukim (categoria de mitsvot de difícil entendimento). Reconhecemos que dentro das próprias mitsvot existem diferenças, preceitos de cunho social, que regem relacionamento entre pessoas na sociedade. Por exemplo, não enganar o próximo; cuidar do servo; entre outros, há também preceitos referentes a prazer (deleite do shabat), mas existem leis que fogem à nossa compreensão, como as de kashrut (animal kosher e não kosher; não misturar carne com leite), proibição de usar vestimentas com a mistura de lã e linho, ou seja, são leis que têm o entendimento mais oculto (leis dogmáticas).
Entretanto, o Divino ordena o cumprimento de todas as mitsvot. Estas, sendo cumpridas, mostram o refinamento, a elevação da alma dos que as observam. Com isso, a Torá nos ensina que ser servo é não fazer a sua vontade e sim a do Criador.
O rambam nos diz em halachot teshuvá (cap. 9, par. 1) que quando o Todo Poderoso nos evita coisas ruins como doenças, guerra, fome, e quando vêm recompensas materiais como chuva e fartura, isso faz com isso se cumpram as promessas da Torá, essas realizações são apenas um meio necessário para podermos estudar a Torá e receber. Mas a verdade é que a real recompensa é no Olam Habá (mundo vindouro).
Referência:ChumashTorá, livro Sermões, do Rabino Menahem Diesendruck e Nos caminho da eternidade, do Rabino Isaac Dichi.
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