Quando pensamos nos grandes nomes da literatura judaica na Europa Oriental, no período pré-Shoah, geralmente chegamos a nomes como I.L. Peretz ou Mendele Mocher Seforim. Os grandes nomes de Scholem Aleichem, Franz Kafka, e Isaac Babel, certamente também serão citados, mas seria injusto não incluir, o genial escritor judeu Bruno Schultz ( 1892-1942).
Loja de Canela e outras narrativas – Bruno Schultz – Reprodução
Nascido em Drojobycz, na então região da Galícia Polonesa, do Antigo Império Austro-húngaro - posteriormente da República da Polônia e atualmente uma região da Ucrânia - Schultz, que era falante de yídish, alemão e polonês, preferiu o último para escrever. Isso contrariava o movimento dos grandes escritores yídishes. Sua linguagem, porém, era mais florida do que a de Kafka, que também optou por não escrever em yídish, mas em alemão.
Schultz tinha uma carreira como desenhista e ilustrador e, após estudar arquitetura e Belas Artes, inicia sua carreira literária, aproximando-se de escritores poloneses, o que aumenta após sucesso de uma de suas Obras-Primas , “Lojas de Canela”. Embora simpatizante do marxismo, após a anexação de sua cidade natal pela União Soviética em 1939, não é bem-visto pelos soviéticos, pois seu estilo peculiar, não se enquadra nos desígnios requeridos pelo “realismo socialista”. A exemplo do que ocorre também com Isaac Babel, após a ocupação da região pelos nazistas, Bruno Schultz é uma das inúmeras vidas barbaramente destruídas precocemente aos 50 anos.
Seu legado permanece com um olhar profundamente judaico, na vida urbana da Europa Oriental, com os pequenos conflitos dramas do dia a dia, as pequenas belezas e misérias que acompanham as pessoas, a partir de histórias de pessoas, famílias e da vida provinciana.
A Obra de Schultz encontra-se disponível em português, sendo que a extinta editora Cosac-Naify, editou sua “ Prosa Completa” (2012) em tradução direto do polonês, por Henryk Siewierski, a editora 34 editou “Lojas de canela e outras narrativas” ( 2019), com tradução também de Henryk Siewierski .
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