Frank Scherschel, Public domain, via Wikimedia Commons
Esta semana, relembramos a resolução pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 29 de novembro de 1947, recomendando a adesão e implementação do Plano de Partilha da Palestina para substituir o Mandato Britânico, em 14 de maio de 1948, nada mais interessante que retomar Exodus, o brilhante romance escrito por Leon Uris (1924-2003). O livro foi originalmente publicado em 1958, nos Estados Unidos, e retrata os acontecimentos que ocorreram imediatamente antes do processo que resultou na criação do Estado de Israel.
Após a tragédia da Shoá, que se abateu sobre os judeus poloneses, os sobreviventes, não bem-vindos naquela Europa pós-guerra, buscam reconstruir a vida, com os últimos fios de esperança na Terra Prometida, através do navio Exodus em 1947. O livro foi adaptado ao cinema em 1960 por Otto Preminger (1905-1986), em um filme de mesmo nome, contando entre outros com Paul Newman (1925-2008) no elenco. Os protagonistas Karen e Dov são sobreviventes da Shoah e acabam por passar pelo campo de refugiados, mantido pelos britânicos em Chipre, para onde eram mandados os imigrantes capturados tentando burlar a proibição de imigração para Eretz Israel.
O Êxodo dos judeus europeus em direção a então Palestina ocupada pelos britânicos, nos remete a crise migratória atual, onde as autoridades não facilitam a vida de nenhum refugiado, e o governo britânico, nem mesmo apoiou a criação do Estado de Israel, bem como restringia a imigração judaica. O Autor, conhecido por sua meticulosa pesquisa histórica, na preparação de seus romances, relata detalhadamente as tribulações e sofrimentos dos judeus, a incansável luta por liberdade e a concretização do sonho milenar de reconstruir a pátria em sua terra ancestral. Porém a representação dos franceses peca, por mostrar uma atitude primariamente benéfica aos judeus, que entretanto foram grandes colaboracionistas com o nazismo, seja na França ocupada seja na França de Vichy, o que se reflete no clima antissemita enfrentado nos dias atuais. Um épico clássico tanto em sua versão cinematográfica, quanto em sua obra escrita que lhe serviu de inspiração, mantém ainda o apelo de uma boa leitura.
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