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Foto do escritorIvan Motosserra Pamponet

Simon & Garfunkel


Créditos: Eddie Mailin (WikiMedia Commons)



No último serviço de Cabalat Shabat de 2021 da SIB, Mauro Brachmans convocou o maestro Marcos Wanderley e Ariel Gomes para juntos formar, como Mauro nomeou, Os Três Terrores. Brincante, ressaltou que se trata de um grupo internacionalmente desconhecido. Piadas de lado, os três fizeram uma execução belíssima de “Adon Olam” na melodia de “Sound of Silence” da famosa dupla de judeus novaiorquinos Simon & Garfunkel. Que acabou proporcionando a ideia desse texto: falar sobre música, judeus, amigos, parcerias músicas e música Folk e Folk Rock.



A versão da SIB ficou mais ou menos assim

Como muitos outros grandes artistas, Simon e Garfunkel são dois judeus novaiorquinos de classe média do Queens num bairro majoritariamente judeu. Paul Simon é filho de um casal de professores de origem de judeus húngaros e seu pai era baixista. Art Garfunkel é de origem de judeus romenos e seu pai era vendedor. Enquanto Simon teve seu primeiro contato musical através do pai, Garfunkel sentiu o chamado para música após o seu Bar Mitzvá em que se revelou um excelente cantor. Eles se conheceram por volta dos onze anos em meados dos anos 50s. Eles compartilhavam da mesma devoção por alguns de seus ídolos musicais como a dubla de Crountry/Folk Rock The Ervely Brothers, o mitológico músico Folk Woody Guthrie, maior ídolo de Bob Dylan, e o blueseiro Lead Belly, o primeiro a gravar “Cotton Fields” imortalizada por Creedence.


Simon & Garfunkel -Sound of Silence



Entre o meio de 50s e o início de 60s, Simon e Garfunkel montaram uma dupla de Rock ‘n’ Roll com influências de Doo-wop (uma variação que incorporava R&B e arranjos vocais harmônicos em conjunto) chamada Tom & Jerry e fizeram suas primeiras gravações. O som ainda era bem cru e simples, mas era bem feito. Mas também não era nada demais em relação ao que já estava sendo produzido na época. Seu maior sucesso dessa época, que nem foi tão notório assim, foi “Hey, School girl!” ainda em 1957. Essa música já mostrou um potencial da banda e atraiu uma singela, porém importante, atenção.


Tom & Jerry – Hey, School Girl!



Voltando mais às suas origens musicais e seguindo uma nova onda que estava crescendo nos EUA e invadindo o Reio Unido, se afirmam como Simon & Garfunkel e assumem o Folk. Em 1964 eles lançam o álbum “Wednesday Morning, 3 A.M.” que, por mais que “Sound of Silence” tenha feito algum sucesso, o disco só vendeu cerca de três mil cópias. Então eles decidiram “dar um tempo” em que Simon vai para Inglaterra a tem alguns projetos com artistas britânicos como Al Stewart. Nessa época Garfunkel volta a se dedicar a universidade e ao estudo de artes. Entre idas e vindas de Simon da Inglaterra, ele até lança um projeto solo em parceria com Garfunkel, “The Paul Simon Songbook” de 1965.


Simon & Garfunkel e Ervely Brothers – Bye Bye Love



Depois de tanto falar, acho importante explicar um pouco do que é o Folk. Quem for bom no inglês vai ligar logo que o termo é usado para falar de pessoas, povo, gente, amigo, mas também está contida em Folklore (Folclore) que é referente aos conhecimentos, saberes e produção cultural popular. Esteticamente, existem características marcantes como uma simplicidade sonora, instrumentos mais acústicos, letras que trazem lendas, histórias e a vida popular, assim também como poemas e poesias incorporadas na música. Músicas simples e geralmente calmas feitas de uma maneira “à moda antiga”. Para o historiador judeu Eric Hobsbawn em “História Social do Jazz”, o Folk foi fundamental para criação do Country, do Blues e do Jazz. E sem esses gêneros não se existiriam Rock. Assim também como o Folk é diferente de país para país. Mark Knopfler, grande guitarrista judeu escocês fundador do Dire Straits, se dedicou ao Celtic Folk em seus últimos álbuns. Assim como podemos considerar que Zé Ramalho seria um dos maiores representantes desse estilo aqui no Brasil.


Woody Guthrie – Tear the Facists Down



Woody Guthrie, além de ser um dos maiores nomes do Folk, trouxe um ar muito mais contestador e de protesto para música. Muitas de suas músicas têm um caráter social e político, sempre se posicionando contra a opressão e favorável a classe trabalhadora do campo e das cidades. Woody tinha escrito em seu violão “essa arma foi feita para matar fascistas” e achava a luta antifascista tão importante quanto qualquer outra luta do povo. Sem dúvidas que, mesmo sem ver as declarações obcecadas do próprio Bob Dylan, a música de Woody foi a base para toda obra musical de Dylan. Bob Dylan sempre mostrou seu viés sociopolítico em suas músicas sendo muitas dessas, protestos cantados. Dylan tomou partido por inúmeras vezes a causas sociais e lutas políticas. (Acho que nem preciso mencionar o fato que Bob Dylan também é judeu)


Bob Dylan – Hurricane



Voltando para nossa querida dupla em destaque. Em 1966 Simon & Garfunkel lançam o álbum “Sound of Silence” e tem alguns fatos curiosos. Eles repetem “Sound of Silence” e incorporam “I’am a Rock”, música solo de Simon com contribuição de Garfunkel. Esse álbum vendeu bem, mas contou com a ajuda da maravilhosa “dramédia” “A Primeira Noite de um Homem” de 1967, que conta com nosso querido ator judeu Dustin Hoffman no papel principal. O filme usou muitas músicas da dupla em sua trilha sonora que já começa pela própria “Sound of Silence”, já bem famosa, mas também com o novo sucesso feito para o filme “Mrs. Robinson”, um de seus maiores sucessos. Lembro que já conhecia bem Simon & Garfunkel por causa do meu pai, mas eu realmente fiquei tocado por suas músicas ao assistir por acaso esse filme de madrugada na TV.


Simon&Garfunkel – Mrs Robinson



A dupla começou a ter problemas internos por algumas divergências criativas que foi gerando desgaste ao longo do tempo. Em 1970, lançam seu quinto e último álbum de estúdio “Bridge Over Troubled Water” que foi um sucesso, mas demonstrava a própria insatisfação dos autores com o trabalho em conjunto. Eles se separam em carreira, mas não terminaram a amizade. Tanto é que um colaborava com as músicas do outro, além de diversas participações em shows. Inclusive participações com outros artistas amigos também. Intrigante pensar como uma banda se tornou tão icônica com apenas cinco álbuns de estúdio e menos de dez anos de carreira. Mas se a gente olhar bem, eles nunca se separaram totalmente. E um grande exemplo disso é o apoteótico show do Central Park de 1982 para mais de quinhentas mil pessoas. Eu assisti esse show milhares de vezes com meu pai em LD, VHS e DVD.


Simon & Garfunkel – The Box



Farei breves comentários sobre algumas músicas e colorações envolvendo essa dupla. Não quero me alongar muito e deixar esse texto chato ou maçante. Porém gostariam de mencionar algumas coisas ou lincar outras. Essa primeira mesmo é referente a uma turnê em conjunto de Bob Dylan e Paul Simon em 1999. Era uma turnê mais de Paul Simon, mas Bob Dylan não só dividia palco com ele, mas ambos cantavam músicas um do outro e ainda faziam algumas versões de outras músicas. Nesse caso “I Walk the Line” um dos primeiros sucessos do, pra mim, maior músico de Country Rock, Johnny Cash, e de “Blue Moon of Kentucky” de Bill Monroe and The Blue Grass Boys, mas imortalizadas por Paul McCartney, Elvis Presley e Raul Seixas (entre outros).


Bob Dylan e Paul Simon – I Walk The Line e Blue Moon of Kentucky



Em 1978, oito anos após a separação, Art Garfunkel regrava “Wonderful World” do ícone do Soul-R&B Sam Cooke de 1960. Garfunkel chama, além de seu parceiro de longa data Paul Simon, um outro notório músico do Country e Folk James Taylor. Eles mudam o nome da música por conta de questões envolvendo uma música homônima de Louis Armstrong. Então a música passa a ser “(What a) Wonderful World”.


Art Garfunkel, Paul Simon e James Taylor – (What a) Wonderful World



James Taylor também é um cantor bem popular internacionalmente. Músicas como “You’re got a Friend” ou “Carolina in My Mind” tocava sempre em rádios como a antiga Antena 1. Também participou daquele episódio dos Simpsons em que Homer vira um astronauta e acaba que Taylor que dá a solução para Homer resolver o problema que ele mesmo criou. Escolhi botar uma gravação meio caseira de James Taylor com, na época, sua esposa Carly Simon. Além de querer mostrar os dois juntos de uma vez só, já que ambos eram amigos da dupla, Carly Simon é filha de um pai judeu e isso deixa as coisas mais “familiares”. Carly Simon também tem muitos sucessos que tocavam sempre nas rádios como “Coming Around Again”.


James Taylor e Carly Simon – You Can Close Your Eyes



Mesmo não sendo tão fã assim dessa música quanto de outras de Paul Simon, achei importante mencionar “Obvious Child” do disco homônimo de 1990. O clipe é gravado no Pelourinho e conta com o Olodum fazendo aquele batuque gostoso típico de Salvador.


Paul Simon – Obvious Child



Como podemos perceber pelo disco mencionado anteriormente, Paul Simon gosta de pesquisar e trabalhar com elementos culturais diversos de várias culturas diferentes. O verdadeiro motivo que eu escolhi essa música é que eu gosto muito dela e é a minha favorita da carreira solo de Simon. Podemos perceber que ela tem uma certa influência de Raggae e até um pouco de gospel, mas o que mais me chamou atenção é que ela mexe muito comigo. “Mother and Child Reunion” é do disco Paul Simon de 1972.


Paul Simon – Mother and Child Reunion


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