top of page
Foto do escritorLuciano Ariel Gomes

Parashat Lech Lechá



O rabino sênior da Comunidade Espanhola e Portuguesa do Reino Unido, o norte-americano Joseph Dweck, em sua série de vídeos curtos “Perspectives” (que você pode conferir, abaixo) comentando sobre palavras-chave encontradas na Torah e no Judaísmo. Ao comentar a palavra Chaim (vida) ele alude à expressão Lech Lechá como a origem da ordem dívida para sermos nós mesmos. Sua conclusão é que Avraham Avinu recebeu de HaShem um comando claro, “Vai para ti mesmo…” (Bereshit/Gênesis 12:1). O Rabino Dweck entende que é uma obrigação nos conhecermos como indivíduos. Termos consciência de nosso potencial e pô-lo em prática. Viver quer dizer entender o porquê de estarmos aqui neste momento, nesta realidade. Logo, Lech Lechá expressa a ideia de “vai para que conheças a ti mesmo”. O rabino ainda diz que isso é o que HaShem quer de nós, que vivamos nossa vida de maneira plena. A grande questão é o que seria viver plenamente.



Nossa parashá nos faz saber sobre uma série de eventos na vida de Avram (pai elevado) até que ele se torne Avraham (pai de muitos povos/nações). Entre eles estão:


  • a descida ao Egito, onde esconde o fato de ser marido de Sarai para não ser morto pelos egípcios;

  • o resgate dos bens de Lot, após os mesmos terem sido tomados em guerra, levando Avram a lutar para recuperá-los;

  • o encontro de Avram com o rei de Salém (Yerushalaim, Malki-Tsedek, que o abençoa;

  • a promessa de HaShem de que a descendência de Avraham herdaria seu legado;

  • Sarai faz de Hagar, sua serva, concubina de Avraham. Ela engravida e passa a desprezar Sarai;

  • a fuga de Hagar de diante de Sarai devido à forma que Sarai a trata, e encontra-se com um anjo de HaShem, que a faz retornar a Sarai;

  • o nascimento de Yishmael

  • a mudança por parte de HaShem dos nomes de Avram e Sarai;

  • a instituição por HaShem do Brit Milá;

  • o nascimento de Yitzchak


Nesse processo, Avraham tem a oportunidade de ser provado e assim conhecer a si mesmo.

Obviamente, após essas experiências, Avraham Avinu conhecia a si mesmo muito mais do que no momento em que recebeu a ordem de sair de Ur. Ele não era mais Avram, mas Avraham. O mesmo em relação a Sarai (Minha Princesa), que passou a ser a nossa Sarah (Princesa sobre Todos - Talmud Tratado Berachot 13a).


Ao longo da Parashá, percebemos a participação de HaShem ou de seus emissários. Não escapou o fato de Avram/Avraham invocar a HaShem pelo Nome (12:8). Não apenas uma vez, mas duas (13:4), e o próprio texto enfatiza isso. E ainda, quando o sacerdote Malki-Tsedek (Meu Rei é Justo) abençoa Avram ele se refere a D-us como "K'El Elion (O D-us Altíssimo) - Criador do Céu e da Terra". No mesmo contexto, quando jura por D-us, Avram se dirige a Ele com "HA-SHEM - K'El Elion, Criador dos Céus e da Terra".


Em outras palavras, a experiência que Avram tinha com o Eterno não era como quem fala à distância, mas alguém que conhecia o atributo divino da misericórdia, associada ao nome divino Y-K-V-K, que pronunciamos nas orações como AD-NAI. Isso aprendemos de Avraham e não de Malki-Tsedek. Saber o nome de alguém é fazer com que ela reconheça em sua voz que você a conhece.


Mais adiante, HaShem revela a Abraham que é K'El Shaddai, o D-us Todo Poderoso. Isso acontece antes de contar a Avraham que ele e Sarah teriam um filho mesmo estando em idade avançada. Avraham e Sarah ririam da situação, mas, qualquer incredulidade que pudesse ter ocorrido naquele momento, se transformaria em alegria, refletida no nome do menino - Yitzchak (Riso).


RASHI, o grande comentarista traz dois comentários sobre nomes nesta Parashá. O primeiro é quando Hagar se dá conta de que havia tido uma experiência com um emissário divino enquanto fugia de Sarah. Ao se perceber naquele momento, Hagar diz ao emissário, "Tu és K'El Roi - O D-us que Vê". Rashi não tem dúvida. Para ele, essa expressão significa que HaShem vê a humilhação a que as pessoas são submetidas. Ele vê o sofrimento da vítima. O outro comentário é no mínimo inusitado, mas traz uma bela lição. Ao mudar o nome de Sarai para Sarah, a letra Iód (י) do nome Sarai é substituída pela letra Hê (ה). Rashi nos ensina que essa letra protestou diante de HaShem até que ela foi colocada no nome de Yehoshua Bin Nun, que se chamava Hoshea (השוע) e com o Iód passou a se chamar Yehoshua (יהשוע) quando teve seu nome mudado por Moshé (Bamidbar/Números 13:16).


Parece que a resposta para a pergunta sobre o que seria viver plenamente reside em saber tirar de cada experiência um aprendizado. Dessa forma, não só nos conhecemos, mas também vislumbramos os momentos em que o divino se fez presente e mudou nossa realidade. A história do povo judeu reflete isso de forma clara, desde a mudança do nome de Yaacov para Israel. Ele, que saiu de sua terra para fazer sua história pessoal e coletiva. Assim voltamos ao Rabino Joseph Dweck. "Lech Lechá" é algo como "Vai conhecer a ti mesmo! Vai viver!"


Shabat shalom



13 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page